Amphisbaena nigricauda Gans, 1966 é uma pequena anfisbênia pouco conhecida endêmica da restinga dos estados do Espírito Santo e Bahia, Brasil. Analisamos 178 indivíduos coletados no município de Vitória, Espírito Santo, Brasil, para verificar se esta espécie apresenta dimorfismo sexual nos poros précloacais e em caracteres morfológicos. O sexo foi determinado por uma incisão ventral e inspeção direta das gônadas. Uma análise de PCA foi realizada para gerar uma medida geral do tamanho do corpo. O test-T e o teste de Mann-Whitney não paramétrico foram utilizados para avaliar se esta espécie apresenta dimorfismo sexual em cinco caracteres morfométricos e cinco merísticos, respectivamente. O sexo não pode ser determinado em 36 indivíduos porque eles estavam mutilados na parte posterior do corpo. O diagnóstico da espécie é redefinido com base nesta amostra: o menor número de anéis corporais alterou de 222 para 192, o número de segmentos dorsal e ventral em um anel no meio do corpo mudou de 9-11/13-16 (ao invés de 10/16), e o anel autotômico na cauda encontra-se entre 7-10 (ao invés de 6-9). O número de anéis caudais permaneceu dentro do intervalo de variação conhecida para a espécie (19-24). Nenhuma das 80 fêmeas analisadas apresentou poros pré-cloacais, enquanto que, dentro os 62 machos, 59 apresentaram quatro e dois indivíduos cinco poros pré-cloacais. Um único macho não tinha poros pré-cloacais, mas apresentava escamas irregulares em sua região cloacal. Diferença sexual quanto à presença ou ausência de poros pré-cloacais, assim como machos apresentando cabeças mais largas que a fêmeas, foi observada em outros anfisbenídeos neotropicais. No entanto, um padrão de diferenças de tamanho corporal entre machos e fêmeas não tinha sido identificado até agora nas poucas espécies de anfisbênias estudadas. Outros estudos com este grupo taxonômico ainda são necessários para elucidar a existência de padrões gerais de dimorfismo sexual e identificar as pressões seletivas que resultam estes padrões.
Amphisbaena nigricauda Gans, 1966 is a small, poorly known amphisbaenid endemic to the restinga of the states of Espírito Santo and Bahia, Brazil. We analyze 178 specimens collected in Vitória municipality, state of Espírito Santo, Brazil, to investigate whether this species show sexual dimorphism in pre-cloacal pores and in morphological characters. Sex was determined by a ventral incision and direct inspection of gonads. A PCA analysis was performed to generate a general body size measurement. A T test and the non-parametric Mann-Whitney test were used to assess whether this species show sexual dimorphism on five morphometric and five meristic characters, respectively. Sex could not be determined in 36 specimens because they were mutilated in the posterior portion of their bodies. The diagnosis of the species is redefined based on this sample size: the smallest number of body annuli changes from 222 to 192, the number of dorsal and ventral segments in an annulus in the middle of the body changes to 9-11/13-16 (instead of 10/16), and the autotomic tail annulus lies between annulus 7-10 (instead of 6-9). The number of tail annuli remained within the known range of variation of the species (19-24). None of the 80 females analyzed showed pre-cloacal pores, whereas within males 59 out of 62 specimens displayed four and two specimens displayed five pre-cloacal pores. A single male did not possess pre-cloacal pores, but showed irregular scales on its cloacal region. Sex-based difference based on presence or absence of pre-cloacal pores as well as males with wider head was seen in other Neotropical amphisbaenids. However, a pattern of body size differences between males and females has not been identified so far in the few amphisbaenid species studied in this regard. Further studies on this taxonomic group are still needed to elucidate the existence of general patterns of sexual dimorphism and to identify the selective pressures driving these patterns.