A deficiência prolongada de vitamina A pode causar uma grave doença carencial, a hipovitaminose A, que pode, por sua vez, acarretar xeroftalmia e cegueira. Embora possa ser prevenida, a hipovitaminose A ainda é um problema de saúde pública em vários países em desenvolvimento. O presente artigo traça um panorama da informação disponível sobre a deficiência de vitamina A no mundo e especialmente no Brasil. Além disso, discute o impacto social da hipovitaminose A, um importante determinante da morbidade e mortalidade em crianças, e a relevância da prevenção no combate a essa desordem. Apesar dos estudos já realizados no Brasil, as informações disponíveis não são suficientes para que se possa diagnosticar a magnitude e a gravidade da hipovitaminose A em nível nacional, especialmente porque todos os estudos se apóiam em amostras pequenas, e os inquéritos clínicos e bioquímicos são escassos, além de apresentar resultados contraditórios. Mesmo assim, é possível constatar que o consumo de vitamina A é baixo nas classes sociais pobres e que o nível de ingestão recomendado pela Organização Mundial da Saúde não é alcançado pela maioria das crianças. Em parte, isso poderia ser evitado com orientação alimentar relativa aos alimentos ricos em vitamina A e esclarecimento sobre tabus alimentares. Nesse contexto, a escola tem um papel crucial na prevenção da deficiência da vitamina A, tanto entre os alunos quanto junto à comunidade.
Prolonged vitamin A deficiency may cause a severe disorder, hypovitaminosis A, that in turn may result in xerophthalmia and blindness. Although preventable, hypovitaminosis A is still a public health problem in many developing countries. This article presents an overview of the information available about vitamin A deficiency in the world and especially in Brazil. The piece also discusses the social impact of hypovitaminosis A, which is an important determinant of morbidity and mortality among children, and the relevance of prevention in the fight against this disorder. Although some studies have been done in Brazil, the information concerning vitamin A deficiency is not sufficient to determine the magnitude and severity of hypovitaminosis A on a national level, especially due to the small size of the samples studied and to the dearth of clinical and biochemical studies, which often present contradictory results. Nevertheless, it is clear that the intake of vitamin A is below recommended levels among the poor and that most children do not consume the amount recommended by the World Health Organization. In part, this could be remedied by educating people on foods that are rich in vitamin A and by correcting their attitudes toward certain dietary taboos. As part of this effort, schools play a major role in the prevention of vitamin A deficiency, among both students and the broader community.