RACIONAL: Pacientes com constipação funcional que não melhoram com suplementação de fibras dietéticas, representam importante problema clínico. OBJETIVOS: Avaliar as relações entre as quantidades de fibras ingeridas, intensidade da constipação e o tempo de trânsito colônico em pacientes com constipação funcional. MÉTODOS: Foram avaliados 30 pacientes constipados funcionais, sem melhoras após suplementação dietética com fibras e 18 pessoas controle, sadias, sem queixas digestivas, utilizando inquéritos individuais quanto à ingestão de fibras e a intensidade da constipação e, por meio da técnica dos marcadores radiopaco, o tempo de trânsito colônico, total e segmentar. RESULTADOS: Apesar da maior ingestão diária de fibras (26,3 ± 12,9 g, constipados x 9,3 ± 5,2 g, controles), os sintomas da constipação mostraram-se intensos nos constipados (escore médio = 21,3 ± 4,07). O tempo normal para o trânsito colônico foi de 58,8h. O trânsito colônico total, em média, foi mais lento nos constipados (41,0 ± 22,8h, constipados x 21,8 ± 18,5h, controles). Constipados com trânsito lento (>58,8h) apresentaram inércia colônica (oito), obstrução de saída (um) e lentificação no cólon esquerdo (um). Constipados com trânsito normal (<58,8h), apresentaram lentificações isoladas no cólon direito (nove), no cólon esquerdo (três) e no segmento retossigmoideano (oito). Não houve correlação entre a quantidade ingerida de fibra, intensidade da constipação e tempo de trânsito colônico nos constipados funcionais. CONCLUSÕES: Em constipados funcionais a gravidade da constipação não depende apenas da ingestão de fibras, que, também não é a única contributiva para as variações no tempo de trânsito colônico. Este diferencia os pacientes normais dos constipados e nestes, aqueles com trânsito alterado que exigem abordagens diferentes da suplementação de fibras.
BACKGROUND: Patients with functional constipation presenting no response to treatment using fibers supplement represents important clinical issue. AIMS: To evaluate the relations among the amount of ingested fiber, the constipation intensity and the colonic transit time in patients with functional constipation. METHODS: We evaluated 30 patients, presenting no response to treatment using fibers supplement, and 18 healthy volunteers conducting individual inquiry into fibers intake, constipation intensity and the total and segmental colonic transit evaluation using radiopaque markers. RESULTS: In the constipated, despite the good level of fiber intake (26.3 ± 12.9 g, constipated x 9.3 ± 5,2 g, control), the symptoms of constipation was serious (score = 21.3 ± 4.07). Mean total colonic transit was 58.8h. The colonic transit was slower in the constipated group (41.0 ± 22.8 hours, constipated x 21.8 ± 18.5h, control). In constipated patients with slow colonic transit (>58.8h) there were colonic inertia (eight), outlet constipation (one) and slow transit in left colon (one), and among constipated patients with normal colonic transit (<58.8h), there were isolated slow transit, in the right colon (nine), left colon (three) and in the rectosigmoid segment (eight). There were no relation among the amount of ingested fiber, constipation intensity and the colon transit. CONCLUSIONS: In the functional constipation the gravity of symptoms does not depend only on the dietary fibers intake, which is not the only responsible for the differences in the colonic transit. The colonic transit can differentiate normal from constipated patients and, among them, those with altered transit that demand approaches distinct of fiber supplementation.