OBJETIVO: Foi testada a hipótese de que a autopercepção inadequada do peso corporal, com ou sem obesidade, estaria associada aos transtornos mentais comuns (TMC). MÉTODO: Foram analisados dados de um corte transversal de 4.030 funcionários de uma universidade no Rio de Janeiro, que participaram da Fase 1 (1999) de um estudo longitudinal (Estudo Pró-Saúde). Os participantes (de 22 a 59 anos) preencheram um questionário, que incluiu a avaliação da presença de transtornos mentais comuns através do General Health Questionnaire (GHQ-12). O índice de massa corporal (IMC=kg/m²) foi calculado com base em medidas de massa corporal e estatura, e os participantes classificaram seu peso corporal nas seguintes categorias: muito acima do ideal, um pouco acima do ideal, ideal, um pouco abaixo do ideal, muito abaixo do ideal. RESULTADOS: Entre as mulheres, 58,3% daquelas com índice de massa corporal menor que 25,0 kg/m² consideraram-se acima do peso ideal; entre os homens, esse percentual foi de 23,5%. Através da análise multivariada por regressão logística ajustada por idade, renda, atividade física recreativa, morbidade auto-referida e índice de massa corporal, observou-se uma forte associação entre a presença de transtornos mentais comuns e a percepção de peso muito acima do ideal entre as mulheres (OR=1,84, IC 95%=1,22-2,76). Entre as mulheres, o índice de massa corporal apresentou uma tendência de associação com a presença de transtornos mentais comuns (p da tendência=0,05) que não persistiu após o ajuste por renda e morbidade auto-referida. CONCLUSÃO: A percepção inadequada do peso corporal, independente do índice de massa corporal, esteve associada à presença dos transtornos mentais comuns nas mulheres, mas não nos homens. Uma possível explicação para essa associação está relacionada à maior pressão sociocultural disseminada entre as mulheres para se enquadrarem ao ideal de magreza vigente.
OBJECTIVE: We tested the hypothesis that inadequate self-perception of body weight with or without obesity would be associated with common mental disorders (CMD). METHOD: We analyzed cross-sectional data from 4,030 university employees participating in the longitudinal Pró-Saúde Study Phase 1 (1999) in Rio de Janeiro. Participants (22-59 years of age) were invited to fill out a questionnaire that includes an evaluation of common mental disorders by General Health Questionnaire (GHQ-12). Body mass index (BMI=kg/m²) was calculated based on measured weight and height, and participants self-classified their own current body weight as highly above ideal, slightly above ideal, ideal, slightly below ideal or highly below ideal. RESULTS: Among woman 58.3% of those with body mass index lower than 25.0 kg/m² considered themselves as being above ideal weight; for men, this proportion was 23.5%. Multivariate logistic regression adjusted for age, income, leisure-time physical activity, self-reported health problem and body mass index, showed that body weight perception highly above ideal had a strong association with common mental disordersamong women (OR=1.84, 95%CI= 1.22-2.76). For women but not men, body mass index showed a borderline association with common mental disorders (p-trend=0.05) that did not persist after adjustment for income and self-reported health problem. CONCLUSION: Inadequate body weight perception, independent of body mass index, was associated with common mental disorders in women, but not men. One possible explanation for this association may be the socio-cultural pressure placed on women to conform the thinness ideal.