INTRODUÇÃO: Listeria monocytogenes é o agente etiológico da listeriose, doença de origem alimentar que acomete principalmente grávidas, pacientes imunodeprimidos e idosos. O tratamento primário é a associação de ampicilina a um aminoglicosídeo além de outros, em segunda escolha, representados por cloranfenicol, eritromicina, tetraciclina e rifampicina. O presente estudo teve como objetivo analisar o perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos de amostras de origem humana isoladas nas últimas quatro décadas. MÉTODOS: Foram selecionadas 68 cepas provenientes de casos clínicos humanos ocorridos em diferentes regiões do país no período de 1970-2008. A susceptibilidade aos antimicrobianos testados foi determinada através dos critérios estabelecidos por Soussy pelo método de Kirby-Bauer e a concentração mínima inibitória realizada através do E-Test. RESULTADOS: A amostragem constituiu-se de 68 cepas, isoladas principalmente de líquido cefalorraquidiano, e hemocultura no período, pertencentes ao Laboratório de Zoonoses Bacterianas/LABZOO/Fiocruz. O sorovar L4b (60,3%) foi o mais prevalente, seguido do sorovar 1/2a (20,6%), 1/2b (13,2%) e aqueles mais raros representados por 1/2c, 3b e 4ab (5,9%). Todas as cepas foram sensíveis à ampicilina, cefalotina, eritromicina, gentamicina, teicoplanina e vancomicina. Apenas uma cepa (1,5%) apresentou resistência à rifampicina, enquanto duas (3%) foram resistentes à associação de sulfametoxazol-trimetoprim. CONCLUSÕES: Apesar de o estudo ter demonstrado uma baixa prevalência de amostras resistentes aos antimicrobianos indicados na terapêutica da listeriose humana, o sistema de monitoramento do perfil de resistência antimicrobiana é de extrema importância para a orientação do tratamento adequado, principalmente nas infecções em pacientes imunocomprometidos.
INTRODUCTION: Listeria monocytogenes is the causative agent of listeriosis, a foodborne illness that affects mainly pregnant women, the elderly and immunocompromised patients. The primary treatment is a combination of ampicillin with an aminoglycoside, in addition to a second-choice drug represented by chloramphenicol, erythromycin, tetracycline and rifampicin. The aim of this study was to analyze the antimicrobial susceptibility profile of strains isolated from human sources in the last four decades. METHODS: Sixty-eight strains were selected from the culture collection of the Laboratory of Bacterial Zoonoses/LABZOO/FIOCRUZ isolated in different regions of Brazil from 1970 to 2008 and primarily isolated from cerebrospinal fluid and blood culture. Susceptibility tests to antimicrobials drugs were evaluated using the criteria established by Soussy using the Kirby-Bauer method and E-Test strips were used to determine the minimum inhibitory concentration (MIC). RESULTS: Among the strains tested, serovar L4b (60.3%) was the most prevalent, followed by serovar 1/2a (20.6%), 1/2b (13.2%) and the more uncommon serovars 1/2c, 3b and 4ab (5.9%). All strains were susceptible to ampicillin, cephalothin, erythromycin, gentamicin, teicoplanin and vancomycin. Only one strain (1.5%) showed resistance to rifampin, and two (3%) were resistant to trimethoprim-sulfamethoxazole. MICs with values up to 2μg/ml reinforce the need for microbiological surveillance. CONCLUSIONS: The study demonstrated low prevalence of strains resistant to the antimicrobial drugs indicated in the treatment of human listeriosis. Monitoring antimicrobial resistance profile is still very important to determine adequate treatment, especially in immunocompromised patients.