OBJETIVO: Determinar a prevalência de infecções em pacientes de Terapia Intensiva, os agentes infecciosos mais comuns e seus padrões de resistência. Identificar os fatores relacionados a infecção adquirida na Unidade de Terapia Intensiva e as taxas de mortalidade. DESENHO: Estudo de prevalência de um dia. LOCAL:Um total de 19 Unidades de Terapia Intensiva do Hospital das Clínicas da FMUSP (HC-FMUSP) participaram do estudo. PACIENTES: Todos os pacientes com idade superior a 16 anos internados em leitos de terapia intensiva por mais de 24 horas foram incluídos. As 19 Unidades de Terapia Intensiva forneceram 126 casos. VARIÁVEIS:Taxas de infecção, uso de antibióticos, padrões de resistência microbiológica, fatores relacionados à infecção adquirida na Unidade de Terapia Intensiva, taxas de mortalidade. RESULTADOS: Um total de 126 pacientes foi estudado. Oitenta e sete (69%) receberam antibióticos no dia do estudo, sendo 72 (57%) para tratamento e 15 (12%) para profilaxia. Baseado no tipo, observou-se que a infecção adquirida na comunidade ocorreu em 15 pacientes (20,8%), infecção hospitalar fora da Unidade de Terapia Intensiva em 24 (33,3%), e infecção adquirida na Unidade de Terapia Intensiva em 22 pacientes (30,6%). Para 11 pacientes (15,3%) não se definiu o tipo de infecção. Quanto ao sítio de infecção, as respiratórias foram as infecções mais comuns (58,5%). Os agentes mais freqüentemente isolados foram: Enterobacteriaceae (33,8%), Pseudomonas aeruginosa (26,4%) e Staphylococcus aureus (16,9%; 100% meticilina-resistentes). Análise multivariada identificou 3 fatores associados à infecção adquirida na Unidade de Terapia Intensiva: idade maior ou igual a 60 anos (p=0,007), uso de sonda nasogástrica (p=0,017) e pós-operatório (p=0,017). Ao final de quatro semanas, a taxa de mortalidade foi de 28,8%. Entre os infectados, a mortalidade foi de 34,7%. Não houve diferença entre as taxas de mortalidade para pacientes infectados e não-infectados (p=0,088). CONCLUSÃO: A taxa de infecção é alta entre os pacientes de terapia intensiva, especialmente as infecções respiratórias. As bactérias predominantes foram: Enterobacteriaceae. Pseudomonas aeruginosa e Staphylococcus aureus (agentes resistentes). Fatores como uso de sonda nasogástrica, pós-operatório e idade maior ou igual a 60 anos mostraram associação com infecção. Este estudo documenta a impressão clínica de que a prevalência de infecção adquirida na Unidade de Terapia Intensiva é alta e sugere que medidas preventivas são importantes para reduzir a ocorrência de infecção em pacientes críticos.
OBJECTIVE: To determine the prevalence rates of infections among intensive care unit patients, the predominant infecting organisms, and their resistance patterns. To identify the related factors for intensive care unit-acquired infection and mortality rates. DESIGN: A 1-day point-prevalence study. SETTING:A total of 19 intensive care units at the Hospital das Clínicas - University of São Paulo, School of Medicine (HC-FMUSP), a teaching and tertiary hospital, were eligible to participate in the study. PATIENTS: All patients over 16 years old occupying an intensive care unit bed over a 24-hour period. The 19 intensive care unit s provided 126 patient case reports. MAIN OUTCOME MEASURES: Rates of infection, antimicrobial use, microbiological isolates resistance patterns, potential related factors for intensive care unit-acquired infection, and death rates. RESULTS: A total of 126 patients were studied. Eighty-seven patients (69%) received antimicrobials on the day of study, 72 (57%) for treatment, and 15 (12%) for prophylaxis. Community-acquired infection occurred in 15 patients (20.8%), non- intensive care unit nosocomial infection in 24 (33.3%), and intensive care unit-acquired infection in 22 patients (30.6%). Eleven patients (15.3%) had no defined type. The most frequently reported infections were respiratory (58.5%). The most frequently isolated bacteria were Enterobacteriaceae (33.8%), Pseudomonas aeruginosa (26.4%), and Staphylococcus aureus (16.9%; [100% resistant to methicillin]). Multivariate regression analysis revealed 3 risk factors for intensive care unit-acquired infection: age > 60 years (p = 0.007), use of a nasogastric tube (p = 0.017), and postoperative status (p = 0.017). At the end of 4 weeks, overall mortality was 28.8%. Patients with infection had a mortality rate of 34.7%. There was no difference between mortality rates for infected and noninfected patients (p=0.088). CONCLUSION: The rate of nosocomial infection is high in intensive care unit patients, especially for respiratory infections. The predominant bacteria were Enterobacteriaceae, Pseudomonas aeruginosa, and Staphylococcus aureus (resistant organisms). Factors such as nasogastric intubation, postoperative status, and age ³60 years were significantly associated with infection. This study documents the clinical impression that prevalence rates of intensive care unit-acquired infections are high and suggests that preventive measures are important for reducing the occurrence of infection in critically ill patients.