RESUMO Introdução: o tratamento de fraturas expostas isoladas da diáfise da tíbia (FEIDT) apresenta desafios por frequentemente associar severa lesão óssea com condições ruins de tecido mole, fatores relevantes em países de média e baixa renda, especialmente devido a atrasos na implementação da fixação definitiva e falta de treinamento adequado no manejo de tecidos moles. Consequentemente, FEIDTs representam importante fonte de incapacitação na América Latina. Este estudo objetivou apresentar uma visão geral das FEIDTs em sete hospitais do cone sul da América Latina. O objetivo secundário foi avaliar o seu impacto na qualidade de vida baseado na taxa de retorno ao trabalho (TRT). Métodos: foram incluídos no estudo pacientes com FEIDT tratados em sete hospitais de Brasil e Argentina entre novembro de 2017 e março de 2020. Resultados clínicos e radiográficos foram analisados num período de 120 dias. Avaliação final comparou TRT com o questionário SF-12, consolidação óssea e condições de marcha. Resultados: setenta e dois pacientes foram tratados, 57 seguidos por 120 dias e 48 completaram o questionário SF-12. Após 120 dias, 70,6% havia retornado ao trabalho, 61,4% tinha fratura consolidada. Idade, antibioticoterapia, tipo de tratamento definitivo e infecção influenciaram significativamente na TRT. A condição de marcha apresentou forte correlação com TRT e o componente físico do SF-12. Conclusão: FEIDTs são potencialmente deletérias à qualidade de vida dos pacientes 120 dias após o tratamento inicial. TRT é significativamente maior para pacientes mais jovens, sem história de infecção e que conseguem correr na avaliação da condição de marcha..
ABSTRACT Introduction: open tibial fractures are challenging due to the frequent severe bone injury associated with poor soft tissue conditions. This is relevant in low- and middle-income countries, mainly related to delayed definitive fixation and lack of adequate training in soft tissue coverage procedures. Due to these factors, open tibial fracture is an important source of disability for Latin American countries. Herein we sought to provide an epidemiological overview of isolated open tibial shaft fracture across seven hospitals in southern cone of Latin America. The secondary goal was to assess the impact on quality of life based on return-to-work rate (RWR). Methods: patients with an isolated open tibial shaft fracture treated in seven different hospitals from Brazil and Argentina from November 2017 to March 2020 were included in the study. Clinical and radiographic results were evaluated throughout the 120-day follow-up period. Final evaluation compared RWR with the SF-12 questionnaire, bone healing, and gait status. Results: Seventy-two patients were treated, 57 followed for 120 days and 48 completed the SF-12 questionnaire. After 120 days, 70.6% had returned to work, 61.4% had experienced bone healing. Age, antibiotic therapy, type of definitive treatment, and infection significantly influenced the RWR. Gait status exhibited strong correlations with RWR and SF-12 physical component score. Conclusions: Isolated open tibial shaft fractures are potentially harmful to the patient’s quality of life after 120 days of the initial management. RWR is significantly higher for younger patients, no history of infection, and those who could run in the gait status assessment.