Resumo O Ipea é uma instituição que tem na realização de pesquisas voltadas para as ações de governo (políticas públicas, planejamento e desenvolvimento) sua razão de ser. Contudo, essa vocação da pesquisa como função de estado não se realiza sem tensões. Dentre essas tensões uma adquiriu relevo por ter sido aquela que justamente suscitou o interesse dos técnicos do Ipea na realização de uma etnografia da instituição, denominada por alguns deles de “complexo de cajuína”. Numa clara alusão à música de Caetano Veloso que já nas suas primeiras estrofes indaga: “Existimos: a que será que se destina?”, há um interesse em discutir a existência de um ethos institucional compartilhado em meio ao que muitos identificam como uma crise de identidade dos “ipeanos”. Assim, o interesse deste artigo foi delinear a configuração de valores disputados na instituição, o que nos permitiu, por um lado, abordar o Ipea como uma instituição que, por suas características, tem efeitos mais complexos nos processos estatais; e, por outro, rediscutir a própria noção de ethos institucional. Consiste, portanto, num esforço de contribuir para a compreensão desse universo etnográfico particular, mas também de levantar boas questões para pensar as relações entre os ofícios da pesquisa e de governo na conformação de uma instituição pública.
Abstract Ipea is an institution that has the mission to carry out research on governmental actions (public policies, planning and development). However, this vocation for research as a function of the state has generated many tensions, among which one stands out: ‘we exist: what are we for?’ in a clear allusion to a Caetano Veloso’s song. Called by them as an identity crisis of the "ipeanos", this tension generated interest in discussing the existence of a shared institutional ethos and, consequently, of carrying out an ethnography of the institution. This article thus outlines the configuration of the values in dispute within the institution, allowing us to apprehend Ipea as an institution that, due to its characteristics, produces more complex effects in state processes. In addition, we discuss the very notion of ‘institutional ethos’. The article is therefore an effort to contribute to the understanding of this specific ethnographic universe, but also to raise appropriate questions to think about the relations between research and government activities in shaping a public institution.
Resumen El Ipea es una institución que tiene en la realización de investigaciones dirigidas a las acciones de gobierno (políticas públicas, planificación y desarrollo) su razón de ser. Sin embargo, esta vocación de la investigación como función de Estado no se realiza sin tensiones. Entre estas tensiones una adquirió relevancia por haber sido aquella que justamente suscitó el interés de los técnicos del Ipea en la realización de una etnografía de la institución, denominada por algunos de ellos de "complejo de cajuína". En una clara alusión a la música de Caetano Veloso que ya en sus primeras estrofas indaga: "Existimos: ¿a qué va a destinarse?", Hay un interés en discutir la existencia de un ethos institucional compartido en medio de lo que muchos identifican como una crisis de identidad de los "ipeanos". Así, el interés de este artículo fue delinear la configuración de valores disputados en la institución, lo que nos permitió, por un lado, abordar al Ipea como una institución que, por sus características, tiene efectos más complejos en los procesos estatales; y, por otro, rediscutir la propia noción de ethos institucional. Consiste, por tanto, en un esfuerzo de contribuir a la comprensión de ese universo etnográfico particular, pero también de plantear cuestiones interesantes para pensar las relaciones entre los oficios de la investigación y de gobierno en la conformación de una institución pública.