Resumo Fundamento: A cardiomiopatia dilatada idiopática (CMDid) possui poucos preditores de mortalidade descritos: a baixa fração de ejeção de ventrículo esquerdo (FEVE) e a baixa capacidade funcional, sendo esta subjetiva. Objetivo: Os objetivos desse estudo foram (i) Avaliar se as classes funcionais propostas pela NYHA, modificada para crianças, estiveram associadas entre a percepção médica (CFm), dos pais ou representantes (CFp) e das próprias crianças avaliadas (CFc). (ii) Avaliar se houve correlação entre VO2 max e a classificação proposta por Weber. Método: Crianças com CMDid e com IC por CMDid prévia com FEVE preservada, na fase pré-puberdade foram selecionadas submetidas a avaliações de ergoespirometria e classificação da classe funcional. As crianças utilizaram uma representação gráfica para se intitular quanto à classe funcional. Resultado: O teste Chi-quadrado mostrou que houve associação ente a CFm e CFp (1, n = 31) = 20,6; p = 0,002. Não houve associação significativa entre CFp e CFc (1, n = 31) = 6,7; p = 0,4. As CF segundo médico e CFc não foram, tampouco, associadas (1, n = 31) = 1,7; p = 0,8. A classificação de Weber foi significativamente associada às três classes funcionais (classificação de Weber e CFm (1, n = 19) = 11,8; p = 0,003; classificação de Weber e CFp (1, n = 19) = 20,4; p = 0,0001; classificação de Weber e CFc (1, n = 19) = 6.4; p = 0.04.). Conclusão: A representação gráfica serviu para que as crianças pudessem se classificar segundo a NYHA, que se demonstrou associada com a estratificação de Weber.

Abstract Background: Idiopathic dilated cardiomyopathy (IDCM), most common cardiac cause of pediatric deaths, mortality descriptor: a low left ventricular ejection fraction (LVEF) and low functional capacity (FC). FC is never self reported by children. Objective: The aims of this study were (i) To evaluate whether functional classifications according to the children, parents and medical staff were associated. (iv) To evaluate whether there was correlation between VO2 max and Weber's classification. Method: Prepubertal children with IDCM and HF (by previous IDCM and preserved LVEF) were selected, evaluated and compared. All children were assessed by testing, CPET and functional class classification. Results: Chi-square test showed association between a CFm and CFp (1, n = 31) = 20.6; p = 0.002. There was no significant association between CFp and CFc (1, n = 31) = 6.7; p = 0.4. CFm and CFc were not associated as well (1, n = 31) = 1.7; p = 0.8. Weber's classification was associated to CFm (1, n = 19) = 11.8; p = 0.003, to CFp (1, n = 19) = 20.4; p = 0.0001and CFc (1, n = 19) = 6.4; p = 0.04). Conclusion: Drawing were helpful for children's self NYHA classification, which were associated to Weber's stratification.

O objetivo do trabalho foi analisar dados relativos à função cardiopulmonar e capacidade funcional em crianças saudáveis submetidas a ergoespirometria. Uma revisão meta-analítica sistemática de ergoespirometria em crianças foi realizada com base na literatura indexada no PubMed, Bireme, e Embase. Os parâmetros pesquisados foram: idade, sexo, índice de massa corporal, avaliação da maturação, tipo de ergômetro utilizado para ergoespirometria, e os valores cardiopulmonares relacionados (frequência cardíaca máxima e consumo máximo de oxigênio [VO2]). Vinte artigos foram selecionados, que incluíram 3808 crianças, com uma média de 9,1 anos de idade. Esteiras erogmétricas foram utilizadas em 55% dos ensaios, e bicicletas erogmétricas em outros 45% incluídos nesta análise. Os seguintes resultados estatisticamente significantes foram encontradas: em análise de subgrupo, valores de VO2 de pico em meninos, obtidos na esteira foram 20% maiores do que os respectivos valores em meninas na bicicleta ergométrica valores de VO2 pico em meninos na esteira foram 18% maiores do que para meninas no mesmo ergômetro. O Índice de massa corpórea correlacionou-se inversamente com VO2 de pico na análise total e em meninas testadas em ciclo-ergômetro. A frequência cardíaca máxima durante o teste ergo-espirométrico foi 5,6 BPM superior aos 95% da freqüência cardíaca máxima prevista. A maior parte dos parâmetros ergo-espirométricos não havia sido relatada nos estudos originais por nós analisados. A conclusão desta metanálise é que o valor de VO2 de pico para crianças pré-púberes é cerca de 18% maior nos meninos versus meninas e em esteira vs. ciclo-ergômetro.

The objective of the paper was to analyze cardiopulmonary data and functional capacity in healthy children who have undergone ergospirometry. A systematic meta-analysis review of ergospirometry in children was performed based on reports indexed in PubMed, Bireme, and Embase. End points were age, sex, body mass index, maturation evaluation, the type of ergometer used for ergospirometry, and cardiopulmonary related values (peak heart rate and peak oxygen consumption [VO2]). Twenty articles were selected, which included 3,808 children, averaging 9.1years of age. A treadmill was used in 55% of the trials, and a cycle ergometer in the other 45% studies included in this analysis. The following statistically significant results were found: on subgroup analysis, peak VO2 values in boys on the treadmill was 20% higher than peak VO2 values in girls on the cycle ergometer; peak VO2 values in boys on the treadmill were 18% greater than that for girls on the same ergometer. BMI was inversely correlated with peak VO2 in the total analysis, and in female subjects on cycle ergometers. Peak heart rate during the ergospirometrical test was 5.6 BPM higher than the estimated 95% maximum heart rate. Most of the ergospirometrical parameters had not been reported in the original trials analyzed here. We conclude that peak VO2 value for pre-pubertal children are circa 18% higher in boys vs. girls and overall higher in treadmill vs. cycle ergometers.

RESUMO OBJETIVOS: O monitoramento ambulatorial da pressão arterial é recomendado para várias doenças na infância; no entanto, até o momento, não existem relatos sobre a sua utilização no acompanhamento das crianças com cardiomiopatia dilatada. Avaliamos o padrão de monitoramento ambulatorial da pressão arterial em crianças com cardiomiopatia dilatada, correlacionando estes dados com altura, peso e índice de massa corporal. MÉTODO: crianças pré-púberes com cardiomiopatia dilatada foram avaliadas por monitorização ambulatorial da pressão arterial. Foram coletados dados de pressão arterial sistólica e diastólica. Médias para as pressões de 24 horas, pressões diurnas e noturnas, bem como padrões de redução noturna (dipping patterns) e pressões acima dos valores normais foram computados. RESULTADOS: crianças com cardiomiopatia apresentam pressão arterial semelhante a de crianças normais. O peso corporal correlacionou significativamente com pressão sistólica noturna. Crianças com fração de ejeção ventricular esquerda < 50% têm menos de 6% descenso da pressão arterial diastólica. Essas mesmas crianças também receberam doses mais elevadas de carvedilol e captopril. CONCLUSÕES: As crianças com cardiomiopatia dilatada idiopática têm os mesmos valores de pressão arterial e padrões de descenso da pressão arterial no monitoramento ambulatorial de pressão arterial esperados para crianças normais e saudáveis. Crianças com baixa fração de ejeção de ventrículo esquerdo têm menor padrão de descenso (dipping pattern).

BACKGROUND AND OBJECTIVES: Ambulatory blood pressure monitoring is recommended for several diseases in childhood; however, there are no reports about its use in the monitoring of children with dilated cardiomyopathy so far. We evaluated the pattern of ambulatory blood pressure monitoring in children with dilated cardiomyopathy and correlated it to height, weight, and body mass index. METHODS: Prepubertal children with dilated cardiomyopathy were assessed by ambulatory blood pressure monitoring. Data were collected for systolic and diastolic blood pressure. Means, for 24hours, daytime, and nighttime, dipping pattern and levels above the normal expected values were computed. RESULTS: Children with cardiomyopathy have the same blood pressure as normal kids. Weight was moderately but significantly correlated to nighttime systolic blood pressure. Children with left ventricular ejection fraction < 50% have 6% less diastolic blood pressure dipping. These same children were also receiving higher doses of carvedilol and captopril. CONCLUSIONS: Children with idiopathic dilated cardiomyopathy have the same blood pressure values and blood pressure dipping patterns on ambulatory blood pressure monitoring as normal healthy children are expected to have. Children with low left ventricular ejection pressure have lower dipping pattern.

Although it is known that obesity, diabetes, and Kawasaki's disease play important roles in systemic inflammation and in the development of both endothelial dysfunction and cardiomyopathy, there is a lack of data regarding the endothelial function of pre-pubertal children suffering from cardiomyopathy. In this study, we performed a systematic review of the literature on pre-pubertal children at risk of developing cardiomyopathy to assess the endothelial function of pre-pubertal children at risk of developing cardiomyopathy. We searched the published literature indexed in PubMed, Bireme and SciELO using the keywords 'endothelial', 'children', 'pediatric' and 'infant' and then compiled a systematic review. The end points were age, the pubertal stage, sex differences, the method used for the endothelial evaluation and the endothelial values themselves. No studies on children with cardiomyopathy were found. Only 11 papers were selected for our complete analysis, where these included reports on the flow-mediated percentage dilatation, the values of which were 9.80±1.80, 5.90±1.29, 4.50±0.70, and 7.10±1.27 for healthy, obese, diabetic and pre-pubertal children with Kawasaki's disease, respectively. There was no significant difference in the dilatation, independent of the endothelium, either among the groups or between the genders for both of the measurements in children; similar results have been found in adolescents and adults. The endothelial function in cardiomyopathic children remains unclear because of the lack of data; nevertheless, the known dysfunctions in children with obesity, type 1 diabetes and Kawasaki's disease may influence the severity of the cardiovascular symptoms, the prognosis, and the mortality rate. The results of this study encourage future research into the consequences of endothelial dysfunction in pre-pubertal children.