Introdução: O transplante cardíaco tem sido o tratamento de escolha para pacientes pediátricos portadores de miocardiopatias e portadores de cardiopatias congênitas em fase final da doença. Objetivo: Relatar a experiência de 20 anos do serviço e avaliar seus resultados. Métodos: Estudo retrospectivo por meio de análise do banco de dados. Entre outubro de 1992 e abril de 2012, 109 pacientes foram submetidos a 114 transplantes. 51,8% eram do sexo feminino. A idade dos pacientes variou de 12 dias a 21 anos, com média de 8,8±5,7 anos e mediana de 5,2 anos. O diagnóstico de base dos pacientes foi de miocardiopatia dilatada em 61,5%, cardiopatias congênitas em 26,6% e miocardiopatia restritiva em 11,9%. Todos os pacientes entre 17 e 21 anos eram portadores de cardiopatias congênitas. Resultados: A sobrevida em 30 dias, 1, 5, 10, 15 e 20 anos foi de 90,4%, 81,3%, 70,9%, 60,5%, 44,4 e 26,7%, respectivamente. O tempo médio de isquemia do órgão transplantado foi de 187,9 minutos e não teve correlação com a mortalidade (P>0,05). Intercorrências infecciosas e rejeição foram as complicações mais incidentes (P<0,0001), atingindo 66 e 57,4% dos sobreviventes após 10 anos. A incidência de doença vascular do enxerto e doença linfoproliferativa foi zero no primeiro ano e atingiu, respectivamente, 7,4 e 11% dos pacientes em 10 anos. Conclusão: O Transplante Cardíaco neste grupo de pacientes pediátricos e portadores de cardiopatias congênitas pôde oferecer resultados satisfatórios, com uma taxa de complicações aceitável ao longo do seguimento.
Introduction: Cardiac transplantation remains the gold standard for end-stage cardiomyopathies and congenital heart defects in pediatric patients. Objective: This study aims to report on 20 years of experience since the first case and evaluate our results. Methods: We conducted a retrospective analysis of the database and outpatient follow-up. Between October 1992 and April 2012, 109 patients underwent 114 transplants. 51.8% of them being female. The age of patients ranged from 12 days to 21 years with a mean of 8.8±5.7 years and a median of 5.2 years. The underlying diagnosis was dilated cardiomyopathy in 61.5%, congenital heart disease in 26.6% and restrictive cardiomyopathy in 11.9%. All patients above 17 years old had congenital heart disease. Results: Survival rate at 30 days, 1, 5, 10, 15, and 20 years were 90.4%, 81.3%, 70.9%, 60.5%, 44.4% and 26.7%, respectively. Mean cold ischemic time was 187.9 minutes and it did not correlate with mortality (P>0.05). Infectious complications and rejection episodes were the most common complications (P<0.0001), occurring, respectively, in 66% and 57.4% of the survivors after 10 years. There was no incidence of graft vascular disease and lymphoproliferative disease at year one, but they affected, respectively, 7.4% and 11% of patients within 10 years. Conclusion: Twenty-year pediatric heart transplant results at our institution were quite satisfactory and complication rates were acceptable.