Observações sobre o hábito de crescimento de Colletotrichum gossypii e C. gossypii var. cephalosporioides em sementes de algodoeiro, inoculadas artificialmente e incubadas a 20-22°C durante cinco a sete dias, evidenciaram as seguintes características: (a) em raízes: acérvulos isolados ou em grupos, massa conidial cor branco-suja, alaranjada ou salmão (mais freqüente), setas marrom-escuras, muitas vezes encobertas pela matriz gelatinosa; conídios produzidos também no micélio aéreo ou nas extremidades das setas, onde ficam aderidos, formando pequenos aglomerados; (b) na superfície das sementes: conídios produzidos nos ápices de setas que emergem diretamente do tegumento, ficando aderidos uns aos outros, formando cachos, semelhantes a cadeias, que são vistos brilhantes sob a luz, em estereomicroscópio. As setas férteis são formadas também no micélio aéreo que recobre as sementes, geralmente após cinco dias de incubação. Os acérvulos com massa conidial raramente são visíveis, exceto em sementes danificadas ou mortas. Como característica de C. gossypii, observou-se que as sementes exibem, de modo geral, uma coloração rosada, em decorrência da abundante esporulação; a ausência ou escassez de micélio aéreo e as setas curtas resultam em um crescimento rente ao tegumento e aspecto compacto. Comparativamente, nas sementes com C. gossypii var. cephalosporioides, as setas são mais longas e menos densas; o micélio aéreo com setas férteis ocorre com mais freqüência, conferindo às sementes tonalidades acinzentadas e aspecto solto. A constatação de setas férteis em lesões foliares de ramulose evidencia que, no campo, essas estruturas podem funcionar como autênticos conidióforos, desempenhando um importante papel epidemiológico, ao possibilitar a disseminação dos esporos pelos ventos, a longas distâncias.
The growth habit of Colletotrichum gossypii and C. gossypii var. cephalosporioides on artificially inoculated cotton seeds and incubated at 20-22°C during 5 to 7 days, showed the following characteristics: (a) on roots: single or coalesced acervuli, conidial mass dirty white, orange or salmon (frequently), dark brown setae, often covered by the gelatinous matrix; conidia also produced from the aerial mycelium or from the apex of the setae, where some of them remain bound to each other, forming small heads; (b) seed surface: the setae arise directly from the seed coat, bearing conidia in the apex. These conidia are seen slicked together, forming clusters resembling chains, bright under stereomicroscope light. The fertile setae are also produced from the aerial mycelium that cover the seeds, generally 5 days after incubation. The acervuli with conidial matrix are rarely visible, except for the embrionary tissues, under the damaged seed coat or for dead seeds. The seeds with C. gossypii show generally a light pink shade due to the abundant sporulation that cover the setae. The mycelium over the seeds is scanty or absent and the short setae appear flat on the seeds, resulting in a compact growth. In contrast, on seeds with C. gossypii var. cephalosporioides, the setae are taller and less dense. The aerial mycelium with fertile setae is frequent, giving to the seed a grayish and loose, fluffy appearance. The presence of fertile setae also could be seen on foliar lesions of ramulosis. This fact suggest that under field conditions these structures have a function of authentic conidiophores, which play an important epidemiological role on long distance spore dissemination by the wind.