FUNDAMENTOS: O tratamento da leishmaniose tegumentar americana (LTA) ainda constitui desafio, pois a maioria dos medicamentos é injetável e têm-se poucos ensaios clínicos randomizados comparando a eficácia das drogas. Além disso, é provável que as espécies de Leishmania tenham influência nas respostas terapêuticas. OBJETIVOS: Avaliar e comparar a eficácia e a segurança dos esquemas de tratamento na LTA, ocasionada por Leishmania (Viannia) guyanensis. MÉTODOS: 185 pacientes foram selecionados, conforme critérios de elegibilidade, e distribuídos, aleatoriamente, em 3 grupos - 2 com 74 enfermos e outro com 37 - que receberam, respectivamente, antimoniato de meglumina, isotionato de pentamidina e anfotericina B em doses, períodos e vias de administração padronizados. Os enfermos foram reexaminados um, dois e seis meses após o final dos tratamentos. RESULTADOS: Não houve diferença entre os grupos terapêuticos em relação ao sexo, idade, número ou local das lesões. A análise por intenção de tratar (ITT) mostrou eficácias de 58,1% para a pentamidina e 55,5% para o antimoniato (p=0,857). O grupo da anfotericina B foi analisado separadamente, pois 28 (75,7%) pacientes negaram-se a continuar no estudo após a randomização. Eventos adversos leves ou moderados foram relatados por 74 (40%) pacientes, principalmente artralgia (20,3%), para o grupo do antimoniato, e dor (35,1%) ou enduração (10,8%) no local das injeções para a pentamidina. CONCLUSÕES: A pentamidina tem eficácia similar ao antimonial pentavalente para o tratamento da LTA ocasionada por L. guyanensis. Face aos baixos resultados de eficácia apresentados por ambas as drogas, necessita-se, com urgência, investigar novas opções terapêuticas para esta enfermidade.
FUNDAMENTALS: American tegumentary leishmaniasis (ATL) treatment remains a challenge, since most available drugs are injectable and only a small number of comparative, randomized clinical trials have been performed to support their use. Moreover, treatment outcome may depend on the causative species of Leishmania. OBJECTIVES: To evaluate and compare the efficacy and tolerability of meglumine antimoniate, pentamidine isethionate, and amphotericin B in the treatment of ATL caused by Leishmania (Viannia) guyanensis. METHODS: 185 patients were selected according to the eligibility criteria and randomly allocated into three groups - two groups with 74 patients each, and one group with 37 patients, which underwent meglumine, pentamidine and amphotericin B treatment, respectively. Doses, mode of administration and time periods of treatment followed the current recommendations for each drug. Patients were re-examined one, two and six months after completion of treatment. RESULTS: No differences were observed among the therapeutic groups in relation to gender, age, number or site of lesions. Intention-to-treat (ITT) analysis showed efficacy of 58.1% for pentamidine and 55.5% for meglumine (p=0.857). The amphotericin B group was analyzed separately, since 28 patients (75.7%) in this group refused to continue participating in the study. Mild or moderate adverse effects were reported by 74 (40%) patients, especially arthralgia (20.3%) in the meglumine group, and pain (35.1%) or induration (10.8%) at the site of injection in the pentamidine group. CONCLUSION: Pentamidine and meglumine show similar efficacy in the treatment of ATL caused by L. guyanensis. Given the low efficacy of both drugs, there is an urgent need for new therapeutical approaches.