JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A clonidina tem sido utilizada na anestesia por acrescentar propriedades analgésicas e sedativas, e proporcionar maior estabilidade hemodinâmica com redução da pressão intra-ocular. Este estudo avalia os efeitos clínicos da clonidina (2,5 µg.kg-1), por via venosa, na pressão intra-ocular (PIO), na hemodinâmica e na recuperação pós-anestésica do tratamento cirúrgico de catarata. MÉTODOS: Realizou-se ensaio clínico duplamente encoberto, controlado por placebo e com distribuição aleatória, que incluiu pacientes que fossem realizar operação de catarata sob bloqueio peribulbar. Após monitoração, Momento 0 (M0), eram realizadas medidas iniciais de PIO, pressão arterial média (PAM), freqüência cardíaca (FC), SpO2 e o grau de sedação (Ramsay), e então administrado placebo (Grupo P) ou clonidina (Grupo C) por via venosa. Trinta minutos após, Momento 1 (M1), eram repetidas as medidas, e novamente ao término da operação, Momento 2 (M2). RESULTADOS: Entre M0 e M1, houve diminuição diferente da PIO, 14,5% no Grupo C e 5,25% no P (p = 0,01), mantendo suas médias reduzidas até M2. A PAM do Grupo C diminuiu 17% de M0 a M1 e aumentou 3,5% no Grupo P (p < 0,001), com recuperação da PAM do Grupo C até M2 (p = 0,17). A FC diminuiu 6,4% no Grupo C e 1% no Grupo P (p = 0,1) de M0 a M1. Houve aumento da sedação no Grupo C em relação ao P (p < 0,001), porém sem ocorrência de depressão respiratória. O RR de hipertensão arterial no intra-operatório do Grupo C foi 0,657 (IC95% 0,517 a 0,835), p < 0,01. Não houve diferenças em relação à incidência de taquicardia, hipoxemia, hipotensão arterial, nem retardo da alta hospitalar. CONCLUSÕES: A clonidina, nas condições deste estudo, foi um fármaco seguro e diminuiu a PIO e o risco de hipertensão arterial intra-operatória sem retardar a alta hospitalar.
BACKGROUND AND OBJECTIVES: Clonidine has been used in anesthesia for its sedative and analgesic properties, and to achieve greater hemodynamic stability with reduction in intra-ocular pressure. This study evaluated the clinical effects of intravenous clonidine (2.5 µg.kg-1) on the intra-ocular pressure (IOP), hemodynamic parameters, and post-anesthetic recovery in the surgical treatment of cataract. METHODS: This is a randomized, double-blind, placebo-controlled study that included patients undergoing cataract surgery under peribulbar block. After placement of monitoring devices, baseline (M0) values of IOP, mean arterial pressure (MAP), heart rate (HR), SpO2, and the degree of sedation (Ramsay) were determined. Afterwards, placebo (Group P) or clonidine (Group C) was administered intravenously. After 30 minutes, at Moment 1 (M1), measurements were repeated, and once again at the end of the surgery, at Moment 2 (M2). RESULTS: The change in IOP between M0 and M1 was different for both groups, 14.5% in Group C and 5.25% in Group P (p = 0.01), and the means remained reduced until M2. Mean arterial pressure in Group C showed a 17% reduction from M0 to M1 and increased 3.5% in Group P (p < 0.001) and in Group C it showed a recovery at M2 (p = 0.17). The heart rate decreased 6.4% in Group C and 1% in Group P (p = 0.1) from M0 to M1. There was a greater sedation in Group C when compared with Group P (p < 0.001) but there was no cases of respiratory depression. The relative risk of intraoperative hypertension was 0.657 (CI 95% 0.517 to 0.835) in Group C, p < 0.01. Differences in the incidence of tachycardia, hypoxemia, hypotension, and increased hospital staying were not observed between both groups. CONCLUSIONS: Clonidine, under the conditions of the present study, showed to be a safe drug and decreased IOP and the intraoperative risk of hypertension without delaying hospital discharge.
JUSTIFICATIVA Y OBJETIVOS: La clonidina ha sido utilizada en la anestesia por añadir propiedades analgésicas y sedativas, y por proporcionar una mayor estabilidad hemodinámica con reducción de la presión intraocular. Este estudio evalúa los efectos clínicos de la clonidina (2,5 µg.kg-1), por vía venosa, en la presión Intraocular (PIO), en la hemodinámica y en la recuperación postanestésica del tratamiento quirúrgico de catarata. MÉTODOS: Se realizó un ensayo clínico a doble ciego, controlado por placebo y con distribución aleatoria, que incluyó pacientes que fuesen realizar operación de catarata bajo bloqueo peribulbar. Después de la monitorización, Momento 0 (M0), se realizaron las medidas iniciales de PIO, presión arterial media (PAM), frecuencia cardíaca (FC), SpO2 y el grado de sedación (Ramsay), y entonces se administró el placebo (Grupo P) o la clonidina (Grupo C) por vía venosa. Treinta minutos después, Momento 1 (M1), se repetían las medidas y nuevamente al fin de la operación, Momento 2 (M2). RESULTADOS: Entre M0 y M1, hubo una disminución diferente de la PIO, 14,5% en el Grupo C y 5,25% en el P (p = 0,01), manteniendo sus medias reducidas en M2. La PAM del Grupo C se redujo un 17% de M0 a M1 y subió un 3,5% en el Grupo P (p < 0,001), con una recuperación de la PAM del Grupo C hasta M2 (p = 0,17). La FC disminuyó 6,4% en el Grupo C y 1% en el Grupo P (p = 0,1) de M0 a M1. Se registró un aumento de la sedación en el Grupo C con relación al P (p < 0,001), sin embargo sin que ocurriera depresión respiratoria. El RR de hipertensión arterial en el intraoperatorio del Grupo C fue 0,657 (IC95% 0,517 a 0,835), p < 0,01. No hubo diferencias con relación a la incidencia de la taquicardia, hipoxemia, hipotensión arterial, ni atraso del alta hospitalaria. CONCLUSIONES: La clonidina, en las condiciones de este estudio, fue un fármaco seguro y redujo la PIO y el riesgo de hipertensión arterial intraoperatoria sin retardar el alta hospitalaria.