Resumo A cidade de Annamaboe, localizada na Costa do Ouro, na atual Gana, era uma pequena vila de pescadores quando os holandeses ali chegaram pela primeira vez em 1638. A chegada de europeus introduziu a cidade ao mundo atlântico e promoveu mudanças fundamentais na geografia, economia e vida cultural de Annamaboe, inclusive literalmente no seu DNA, visto que europeus e africanos formaram relacionamentos que criaram uma população mista numerosa. Semelhante a outras cidades e vilas Atlânticas, Annamaboe cresceu se tornou um nódulo importante em redes de trocas comerciais. Seus mercadores encaminharam produtos africanas-pessoas escravizadas, principalmente, mas também ouro, milho, e outras provisões-para a Europa e as Américas e ajudaram a introduzir e distribuir pela região produtos advindos da Europa e do resto do mundo-tecidos, metais, produtos manufaturados, álcool e tabaco. O mundo atlântico se define pela movimentação de bens, ideias e pessoas, e grande parte dessa movimentação se fez a partir de centros urbanos que se desenvolveram ao longo da costa atlântica. Grande parte da literatura sobre o mundo atlântico tende a focar o Norte Atlântico e o Atlântico britânico em particular. Esse artigo, ao centrar a sua análise em um porto atlântico africano, oferece uma importante perspectiva, necessária à melhor comprehensão daquele mundo, e que busca corrigir essa tendência.
Abstract Annamaboe, located on the Gold Coast in modern-day Ghana, was a sleepy Fante fishing village when Dutch traders arrived there in 1638. The arrival of the Europeans ushered Annamaboe into the Atlantic world and brought fundamental changes to the town’s physical landscape, economic and cultural life, and literally to its DNA as Europeans and Africans formed relationships that gave rise to a substantial mixed-race population. Like other Atlantic towns and cities, Annamaboe grew as a conduit for trade. Its traders funneled African trade goods -primarily enslaved peoples but also gold, maize and other provisions - to Europe and the Americas and it brought in a variety of products from Europe and around the world in exchange - fabrics, metals, manufactured goods, alcohol and tobacco - and distributed those goods into the interior. The Atlantic world is defined by the movement of goods, ideas and peoples around it, and much of that movement operated through the urban hubs that grew up around the Atlantic. Much of the scholarship on the Atlantic world has focused on the North Atlantic, particularly on the British Atlantic. This article’s focus on an African Atlantic port offers an important corrective to that bias, a necessary one if we are to fully comprehend that world.