INTRODUÇÃO: Há no Brasil crescente utilização de medicamentos industrializados, inclusive durante o ciclo reprodutivo feminino. Na gestação os efeitos dos medicamentos no feto pode resultar em toxicidade com possíveis lesões irreversíveis. Nesse sentido, foi verificada a prevalência do uso de medicamentos, durante a gravidez, na população estudada e sua relação com as características maternas, grupos farmacológicos e fonte de indicação. MÉTODOS: Foram avaliadas, quanto ao uso de medicamentos, 1.620 mulheres que deram à luz em cinco hospitais de atendimento público, privado ou conveniado, da cidade de São Paulo, de julho a setembro de 1993. Os dados referentes ao uso de medicamentos e de outras variáveis foram coletados, por meio de entrevista estruturada, no intervalo de 30 dias consecutivos junto às puérperas. RESULTADOS E CONCLUSÕES: A relação entre escolaridade materna e atendimento hospitalar revelou desigualdade social no acesso aos diversos tipos de serviço de assistência ao parto. A prevalência do uso de pelo menos um medicamento foi de 97,6%, com média de 4,2 medicamentos por mulher. A prevalência do uso de medicamentos por indicação médica e por automedicação foi de 94,9% e 33,5%, respectivamente. As medicações mais usadas, excluindo-se as vitaminas, sais minerais e vacinas, foram os analgésicos, antiácidos, antieméticos e antiespasmódicos. Usuárias com maior uso de medicamentos tiveram as seguintes características: acima de 29 anos de idade, casadas, terceiro grau completo, atividade remunerada e acesso aos serviços privados de saúde. A assistência médica desempenhou papel facilitador no acesso ao uso de medicamentos durante o período gestacional. As mulheres deveriam ser conscientizadas dos riscos em potencial a que expõem seus fetos ao fazerem uso de tantas medicações. O pré-natalista deveria repensar seu papel diante desta problemática.
INTRODUCTION: There is in Brazil a growing use of industrially produced medicines even during the female reprodutive cycle. During pregnancy two organisms are exposed to the effects of medicines but in the foetus this may result in toxicities with possible irreversible lesions. The present study aims at verifying the prevalence of the use of medicines during pregnancy in the studied population and its relationship with maternal characteristics, the pharmacological groups used and the source of prescription. METHODS: The use of medication was evaluated among 1,620 women that gave birth in five public, private and contracted hospitals in the city of S. Paulo between July and September 1993. RESULTS AND CONCLUSIONS: The relation between maternal schooling and kind of assistance in hospitals has revealed social inequality in the access to the several kinds of delivery assistance services. The prevalence of use of at least one medicine was 97.6% with an average of 4.2 drugs per woman. The prevalence of use of drugs by medical prescription and self-medication were 94.9% and 33.5%, respectively. The most used medications, excluding vitamins, mineral salts and vaccines, were analgesics, antacids, antispasmodics and antemetics. Users of the largest number of medicines were, characteristically, over 29, married, of university level, salaried workers and had access to private health services. Medical assistance had a facilitating role in access to the use of drugs during the gestational period of the population studied. Women need to be made aware of the potential risks they expose their foetuses to when using so many medicines. Physicians should reflect on their role in contributing to the solution to this problem.