A população residente de boto-cinza, Sotalia guianensis (P.J. van Bénéden, 1864), da Baía Norte, Santa Catarina, sul do Brasil, foi estudada de 2000 a 2003. Foram realizados cruzeiros sistemáticos de um dia, a bordo de um veleiro de 5 m equipado com motor de popa. Utilizando o método de grupo-focal, informações como posição geográfica, padrão comportamental predominante, tamanho de grupo, índice de coesão e presença de filhotes, foram registradas a cada intervalo de cinco minutos, totalizando 198 horas de observação direta dos botos. O boto-cinza utilizou áreas preferenciais para cada padrão comportamental. O tamanho médio de grupo foi aproximadamente de 29 indivíduos, e a presença de filhotes ocorreu ao longo de todo o ano, porém com aumento significante nas estações quentes. A freqüência dos padrões comportamentais e o tamanho de grupo apresentaram forte correlação, e variaram em relação à estação do ano e hora do dia. Os comportamentos de movimento foram mais freqüentes nas estações frias e ao longo do dia. A variação sazonal destes comportamentos sugere o requerimento de maiores áreas nas estações frias, provavelmente relacionado com as flutuações sazonais de abundância e dominância de presas. Os maiores tamanhos de grupo ocorreram em comportamentos de forrageio. O índice de coesão também variou com o comportamento. Nossos resultados demonstram que a organização de grupo e os padrões comportamentais desta população de boto-cinza são provavelmente influenciados por ciclos ambientais diários e sazonais, e pela condição de limite sul de distribuição para a espécie.
The resident population of estuarine dolphin, Sotalia guianensis (P.J. van Bénéden, 1864), in Norte Bay, Santa Catarina, southern Brazil, was studied from 2000 to 2003. Systematic one-day cruises were undertaken aboard a 5 m sail boat equipped with an outboard motor. Applying the focal-group method, information such as geographical position, predominant behavioural patterns, group size, cohesion index and the presence of calves, were registered at every five-minute interval, totalling 198 hours of direct observation of the dolphins. The estuarine dolphin used preferential areas for each behavioural pattern. The mean group size was approximately 29 individuals, and the presence of calves occurred throughout the entire year, but with a significant increase in the warm seasons. The frequency of behavioural patterns and group size varied according to season and time of day, and were strongly associated. The frequency of moving behaviours increased in the cold seasons and along the day. The seasonal variation in the moving behaviours suggest the requirement of a larger area in the cold seasons, probably related to seasonal fluctuations in the abundance of dominant prey items. Higher group sizes were observed while dolphins were foraging. The cohesion index also varied according to the behaviour. Our results showed that group organization and behavioural patterns of this estuarine dolphin population are probably linked to daily and seasonal environment cycles, and also possibly to the condition of being at the furthest southern limit of distribution of the species.