Este artigo trata o hospital como território de organização complexa, atravessado por múltiplos interesses, que ocupa lugar crítico na prestação de serviços de saúde, lugar de construção de identidades profissionais, com grande reconhecimento social. O objetivo diz respeito a compreender o hospital na perspectiva interdisciplinar. Para tanto, buscou-se o referencial teórico referente às concepções de território e territorialidade, oriundas da geografia e de outros campos do conhecimento, como a ciência da saúde e a filosofia. A partir da interação entre estas disciplinas aborda-se o hospital como território de produção de atos de saúde formado por segmentos e superfícies, agenciamentos entre profissionais e usuários que se entrecortam em um emaranhado de linhas de segmentaridade; nós, redes e malhas que revelam a produção territorial; poder e disciplinamento e o saber-poder que revelam as relações sociais, efetivadas entre os sujeitos e o objeto, ou seja, as relações que se concretizam no território e significam territorialidade. Concluiu-se, então, que o território hospitalar, como os demais territórios, é a expressão concreta e abstrata do espaço apropriado, produzido, formado em sua multidimensionalidade, pelos atores sociais que o (re)definem constantemente em suas cotidianidades, num campo de forças relacionalmente emaranhado por poderes nas mais variadas intensidades.
This article deals with the hospital as a territory of complex organization, crossed by multiple interests, which occupies a critical position in the delivery of healthcare service. In that space professional identities are formed, with great social acknowledgement. This work also aims at understanding the hospital from an interdisciplinary viewpoint. It uses a theoretical framework related to the concepts of territory and territoriality from geography and other fields of knowledge, such as healthcare science and philosophy. By this interdisciplinary approach, the hospital is considered to be: a territory of production of health actions made by segments and surfaces, agency of professionals and users that intersect in a tangle of lines of segmentarity; networks and meshes that reveal the production of territory; power and regimentation, and the knowledge/power which reveals the relationships between subject and object, that is, the relationships that take place in the territory and that mean territoriality. Lastly, the hospital territory, like any other territory, is the concrete and abstract expression of the appropriate space. It is formed in its multidimensionality by social actors who always redefine it in their everyday routines, in a force field relationally entangled with powers at various intensities.