RESUMO Este artigo busca aferir a existência de window dressing no mercado brasileiro de fundos de investimento em ações. O window dressing é uma prática que apresenta determinada composição do portfólio ao mercado, diferente daquela mantida pelo fundo no período de reporte. Momentos antes do fechamento do período, gestores de fundos alteram suas posições com objetivo de apresentar em carteira papéis eventualmente mais seguros ou mais rentáveis. Acreditamos que existe uma lacuna de resultados empíricos para o tema proposto por esta pesquisa no Brasil. Pesquisas anteriores enfatizam diversificação, análise de estilo, rotatividade da carteira do fundo, papel dos gestores e desempenho. Portanto, acreditamos que o presente estudo é pioneiro ao apresentar resultados sobre window dressing no Brasil. Com a existência de window dressing, o mercado pode sinalizar resultados distorcidos e guiar a alocação de recursos por parte dos investidores em fundos que eles não investiriam na ausência de tais práticas. Em adição, a adoção de window dressing pode apresentar aumento nos custos de transação e, portanto, destruir valor. Os resultados encontrados apresentam conexão com as pesquisas prévias de Bremer e Kato (1996), O’Neal (2001), Ng e Wang (2004), Ortiz, Sarto e Vicente (2012) e Agarwal, Gay e Ling (2014). Este artigo apresenta evidências favoráveis à prática de window dressing nos fundos de investimento em ações no Brasil e propõe um estudo empírico para aferir a existência da prática de window dressing entre 2010 e 2016 por meio das técnicas de análise de resíduos, diferença entre rankings e diferença de retornos reversos. Em suma, encontramos resultados consistentes para a prática de window dressing em fundos de investimento geridos por instituições pequenas, perdedores ante o Índice Bovespa e que apresentaram alto tracking error no período.
ABSTRACT This paper investigates the presence of window dressing in the Brazilian investment fund market, focusing on equity funds. Window dressing is a practice that presents a particular portfolio composition to the market, which is different from that held by the fund in the reporting period. Just before the end of the period, fund managers change their positions with the aim of presenting safer, more profitable securities portfolios. We believe that there is a lack of empirical evidence on this topic in Brazil. Previous research focuses on diversification, style analysis, fund portfolio turnover, manager profile, and performance. Therefore, we believe that our paper is pioneering in presenting results on window dressing in Brazil. With the presence of window dressing, the market may signal distorted results to investors and guide their allocations towards funds in which they would not invest in the absence of such practices. Moreover, the adoption of window dressing may increase transaction costs and thus destroy value. Our results present a connection with previous studies by Bremer and Kato (1996), O’Neal (2001), Ng and Wang (2004), Ortiz, Sarto, and Vicente (2012), and Agarwal, Gay, and Ling (2014). This paper provides evidence of window dressing in Brazilian equity funds and proposes an empirical study to verify the presence of the practice between 2010 and 2016, using market model residuals, rank gap, and backward holding return gap analysis techniques. In short, our results are consistent with window dressing practices in funds managed by small companies that were losers against the Bovespa Index and presented a high tracking error in the period.