Resumo As transformações no cenário agrícola brasileiro vêm reconfigurando os modos de vida no campo, com repercussões sobre a saúde da população camponesa. Objetiva-se analisar necessidades de saúde de camponeses, identificadas por um coletivo de atores da universidade, Sistema Único de Saúde e movimentos sociais. Pesquisa-ação, cujo grupo foi constituído por agentes comunitários de saúde, trabalhadores de Centro de Referência em Saúde do Trabalhador, professor universitário e representantes de movimentos sociais. Realizaram-se entrevistas semiestruturadas, visitas em campo, oficinas e seminários. A categorização temática evidenciou cinco conjuntos de necessidades de saúde: de revisão do modelo de desenvolvimento agrário, de boas condições de vida, de mobilização social, de evitar uso de agrotóxicos e de atuação do SUS. O diálogo de saberes e a troca de experiência potencializaram o reconhecimento de necessidades de saúde que requerem ações intersetoriais. As necessidades de saúde devem ser compreendidas no contexto dos territórios em que os sujeitos individuais e coletivos se inserem, reconhecendo-se a complexidade das questões sociais, econômicas, culturais e ambientais.
Abstract The transformations in the Brazilian agricultural scenario have reconfigured lifestyles in the countryside, with repercussions on the health of the rural population. The scope of this paper is to analyze health needs of farmers, identified by a collective of university actors, the Unified Health System and social movements. It is action-research, with a group comprised of community health workers, workers in a Reference Center in Occupational Health, a university professor and representatives of social movements. Semi-structured interviews and field visits were conducted, as well as workshops and seminars. The thematic categorization revealed five health need groupings: the need for revision of the agrarian development model; the need for good living conditions; the need for social mobilization; the need to avoid the use of pesticides; and the need for action of the Unified Health System (SUS). The dialogue of knowledge and exchange of experience elicited the recognition of health needs that require intersectoral action. Health needs must be understood in the context of the territories to which the individuals and groups belong, acknowledging the complexity of social, economic, cultural and environmental issues.