OBJETIVO: Revisar a eficácia do placebo em comparação com a dos antipsicóticos atípicos e típicos no tratamento da esquizofrenia e do transtorno esquizoafetivo, bem como avaliar a pertinência do uso do placebo nos ensaios clínicos com antipsicóticos. MÉTODO: Foram incluídos estudos nos quais os antipsicóticos atípicos foram comparados com antipsicóticos típicos e placebo simultaneamente. A pesquisa bibliográfica incluiu os termos "amisulprida", "aripiprazol", "clozapina", "olanzapina", "quetiapina", "risperidona", "sertindol", "ziprasidona" e "zotepina". Os principais parâmetros de eficácia foram a proporção de "eventos" (definidos como deterioração ou falta de melhora de pelo menos 20% na Positive and Negative Syndrome Scale ou Brief Psychiatric Rating Scale) e os riscos relativos combinados (efeitos randômicos), com seus respectivos intervalos de confiança de 95%. Foram também estimados os tamanhos de amostras nos estudos em que a droga pesquisada fosse comparada com um antipsicótico típico ou com placebo. RESULTADOS: As taxas de eficácia combinada foram de 40,8%, 34,9% e 21,3%, respectivamente, para os antipsicóticos atípicos, antipsicóticos típicos e placebo. Cento e sessenta e seis pacientes teriam de ser incluídos quando a nova droga fosse comparada com placebo se os cálculos fossem baseados na diferença de 20% encontrada entre o antipsicótico atípico e placebo, ao passo que 2.054 teriam de ser incluídos se a diferença procurada fosse aquela encontrada entre o antipsicótico atípico e o antipsicótico típico, isto é, 6%. Os insucessos terapêuticos estimados seriam de 115 entre os 166 pacientes quando a droga em estudo fosse comparada com placebo, e de 1.274 entre os 2.054 pacientes quando fosse comparada com um antipsicótico típico. CONCLUSÕES: Os estudos controlados por placebo podem reduzir o número de indivíduos expostos aos efeitos prejudiciais de drogas ineficazes.
OBJECTIVE: To review the efficacy of placebo in comparison with atypical and typical antipsychotics for the treatment of schizophrenia and schizoaffective disorder and to evaluate the pertinence of using placebo in clinical trials with antipsychotics. METHOD: Trials in which the atypical antipsychotics were compared with typical antipsychotics and placebo were included. A search was conducted using the terms "amisulpride", "aripiprazole", "clozapine", "olanzapine", "quetiapine", "risperidone", "sertindole", "ziprasidone" and "zotepine". Main efficacy parameters were calculated using the proportion of "events" (defined as a deterioration or lack of improvement by at least 20% in Positive and Negative Syndrome Scale or Brief Psychiatric Rating Scale) and the pooled relative risk with random effects, with their respective 95% confidence intervals. We also calculated the necessary sample sizes in studies in which the study drug is compared to a typical antipsychotic or placebo. RESULTS: The pooled efficacy rates observed were 40.8%, 34.9% and 21.3% for the atypical antipsychotics, typical antipsychotics and placebo, respectively. One hundred and sixty six patients would have to be included when a new drug is compared with placebo if calculation is based on a difference of 20% found between the atypical antipsychotic and placebo and 2,054 if the difference sought were that found between the atypical antipsychotic and the typical antipsychotic, i.e. 6%. The estimated therapeutic failures would be 115 of the 166 patients when the study drug is compared with placebo, and 1,274 failures in the 2,054 patients when the study drug is compared to the typical antipsychotic. CONCLUSIONS: Placebo controlled studies may reduce the number of individuals exposed to the harmful effects of ineffective drugs.