A floresta tropical pluvial Atlântica é um dos ecossistemas mais ameaçados do Brasil. A degradação deste grande ecossistema ocorre desde o descobrimento do país. Poucos estudos investigaram a hidrologia de microbacias na região deste bioma. A totalidade dos estudos existentes se restringe a ecossistemas cuja cobertura é de florestas naturais. Nesse contexto, este trabalho elucida as consequências hidrológicas da conversão de floresta em pastagem nos domínios da floresta atlântica ombrófila densa. Para tanto, foram medidos o escoamento superficial, a vazão, a condutividade hidráulica do solo, o potencial matricial da água do solo de uma microbacia coberta por pastagem durante um ano. Os resultados indicam que a conversão de floresta ombrófila densa para pastagem promove a redução da condutividade hidráulica próximo à superfície do solo. Entretanto, como as chuvas predominantes são de baixa intensidade, essa redução na permeabilidade do solo à água não implica necessariamente em um aumento substancial de escoamento superficial. Em relação ao potencial matricial da água do solo, a pastagem apresentou valores sempre maiores que os da floresta durante a estação seca. Esse aumento da umidade do solo sobre o uso de pastagens implica em maior drenagem de água rumo ao lençol freático. Este fato explica os maiores valores do coeficiente de deflúvio. Assim, ao converter uma microbacia coberta por Floresta Tropical Atlântica em pastagem, espera-se uma maior conversão de chuva em vazão em termos anuais. Todavia, o aumento do deflúvio ocorre em detrimento da altíssima biodiversidade e da alta proteção do solo quando o solo está coberto por florestas.
The Atlantic rain forest is the most endangered ecosystem in Brazil. Its degradation has started since 1500 when the European settlers arrived. Despite of all land use changes that have occurred, hydrological studies carried out in this biome have been limited to hydrological functioning of rain forests only. In order to understand the hydrological consequences of land-use change from forest to pasture, we described the hydrological functioning of a pasture catchment that was previously covered by tropical rain forest. To reach this goal we measured the precipitation, soil matric potential, discharge, surface runoff and water table levels during one year. The results indicated that there is a decrease in surface soil saturated hydraulic conductivity. However, as low intensity rainfall prevails, the lower water conductivity does not necessarily leads to a substantially higher surface runoff generation. Regarding soil water matric potential, the pasture presented higher moisture levels than forest during the dry season. This increase in soil moisture implies in higher water table recharge that, in turn, explain the higher runoff ratio. This way, land-use change conversion from forest to pasture implies a higher annual streamflow in pasture catchments. Nonetheless, this increase in runoff due to forest conversion to pasture implies in losses of biological diversity as well as lower soil protection.