A centralidade do coração e a emergência do cérebro nos textos dos participantes da ação artística 'Doações do Corpo', produzidos para se candidatarem à recepção de um órgão, sob a forma de objeto artístico, são analisadas com base nas contribuições de autores que teorizam sobre o corpo na contemporaneidade. Essa ação foi desenvolvida com o objetivo de provocar um tensionamento na intersecção entre os campos das artes e das ciências, colocando o participante no lugar de receptor, à espera por transplante e, ao mesmo tempo, no lugar de artista procurando por espaço para suas obras. Analisa-se, também, um dos pontos significativos evidenciados durante a pesquisa: aquilo que podemos chamar de simbologia e fantasmática, presentes nos discursos sobre transplantes. Por fim, discute-se a centralidade atribuída ao coração (como sede das emoções) em concorrência ao cérebro (órgão que representa a racionalidade, a instância do próprio 'governo do eu').
The centrality of the heart and emergence of the brain in texts by participants in the artistic action 'Donations of the Body', produced in order to become candidates to receive an organ, in the form of an artistic object, are analyzed based on contributions by authors who theorize about the body contemporarily. This action was developed with the aim of provoking tension at the intersection between the fields of arts and sciences. Participants were put in the place of recipients waiting for transplants and, simultaneously, artists seeking space to exhibit their works. One of the significant points shown during the research is also analyzed: a point that can be called symbological and phantasmatic, and is present in the discourse on transplants. Finally, the centrality attributed to the heart (the seat of emotions), in competition with the brain (the organ representing rationality and instances of 'government of the self'), is discussed.
La centralidad del corazón y la emergencia del cerebro en textos de participantes de la acción artística 'Donaciones del Cuerpo', producidos con el intuito de postularse a la recepción de un órgano, bajo la forma de objeto artístico, se analizan a partir de autores que teorizan sobre el cuerpo en la contemporaneidad. Esta acción tuvo el objetivo de provocar la intersección entre artes y ciencias, situando el participante como receptor, a la espera por un trasplante y, al mismo tiempo, como el artista, buscando espacio para exponer sus trabajos. También se analiza un punto significativo evidenciado durante la investigación: que podemos llamar de simbología y fantasmática, presente en los discursos sobre trasplantes. Por fin, se discute la centralidad del corazón - como sede de las emociones - en competencia con el cerebro - órgano de la racionalidad, la instancia del propio 'gobierno del yo'.