RESUMO. O declínio cognitivo subjetivo (DCS) é definido como uma autopercepção de um comprometimento cognitivo progressivo, não detectado objetivamente por meio de testes neuropsicológicos. O Alzheimer's Disease Cooperative Study desenvolveu o instrumento de função cognitiva (IFC) para avaliar indivíduos com DCS. O IFC existe em duas versões, uma do paciente e outra do acompanhante. Objetivo: O objetivo deste estudo foi traduzir para o português brasileiro, fazer uma adaptação transcultural e validar a versão brasileira do IFC. Métodos: O processo de tradução e adaptação transcultural consistiu em seis etapas, e a versão preliminar foi respondida por uma amostra de voluntários recrutados entre os cuidadores de pacientes de um ambulatório de Neurologia Cognitiva. Por fim, a versão brasileira final do IFC foi aplicada a idosos sem demência, que foram divididos naqueles com e sem DCS de acordo com a resposta “sim” à questão: “Você sente que a sua memória está piorando?”. Resultados: A versão final do IFC mostrou alto nível de aceitabilidade como ferramenta de avaliação em idosos sem demência. Os participantes com DCS tiveram pontuações mais altas na versão do paciente em comparação com aqueles sem queixas. Nas análises da curva característica de operação do receptor (ROC), a área sobre a curva da versão do paciente foi de 0,865 (intervalo de confiança [IC95%] 0,779–0,951) e a pontuação de corte de 2,0 foi a que melhor distinguiu o grupo com DCS dos controles, com sensibilidade de 73,3% e especificidade de 81,5%. Conclusões: O IFC mostrou-se um instrumento de boa acurácia e de fácil aplicabilidade para identificar idosos com DCS.
ABSTRACT. Subjective cognitive decline (SCD) is defined as a self-perception of a progressive cognitive impairment, which is not detected objectively through neuropsychological tests. The Alzheimer's Disease Cooperative Study developed the Cognitive Function Instrument (CFI) to evaluate individuals with SCD. The CFI consists of two versions, namely, a self-report and a partner report. Objective: This study aimed to translate CFI into Brazilian Portuguese, perform a cross-cultural adaptation, and validate the Brazilian version. Methods: The translation and transcultural adaptation process consisted of six stages, and the preliminary version was answered by a sample of individuals recruited among the patients’ caregivers from a cognitive neurology outpatient clinic. Finally, the final Brazilian version of the CFI was applied to a sample of nondemented older adults to validate the instrument, which was divided into with and without SCD, according to the answer “yes” for the question: “Do you feel like your memory is becoming worse?”. Results: The final version of CFI showed a high level of acceptability as an assessment tool in nondemented older adults. Participants with SCD had higher scores in the CFI self-report compared with those without complaints. In the receiver operating characteristic curve analysis, the area under the curve of the CFI self-report was 0.865 (95% confidence interval 0.779–0.951), and the cutoff score of 2.0 was the one that best distinguished the SCD group from the control group, with a sensitivity of 73.3% and a specificity of 81.5%. Conclusions: CFI proved to be an instrument with good accuracy and easy applicability to identify older adults with SCD.