Resumo: Introdução: A educação interprofissional (EIP) desenvolve competências colaborativas, aprimora a segurança do paciente e melhora a qualidade da atenção à saúde. A disponibilidade para aprendizagem compartilhada relaciona-se diretamente com a EIP. Objetivo: Este estudo teve como objetivo analisar a disponibilidade dos estudantes para a EIP, de acordo com os ciclos e cursos. Método: Trata-se de estudo transversal, descritivo, de abordagem quantitativa. Utilizou-se a Readiness for Interprofessional Learning Scale (RIPLS) via formulário eletrônico. Os testes Mann-Whitney e qui-quadrado foram utilizados para analisar respectivamente variáveis contínuas e categóricas. Nas análises para verificar as diferenças nas pontuações dos fatores 1. trabalho em equipe e colaboração (TEC), 2. identidade profissional (IP) e 3. atenção à saúde centrada no paciente (ACP), além da pontuação global da RIPLS, os cursos e ciclos foram comparados por meio do teste Kruskal-Wallis. Resultado: Participaram do estudo 506 estudantes, com taxa de respostas de 32,6%, dos cursos de Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Nutrição, Odontologia e Terapia Ocupacional de uma universidade pública brasileira. As pontuações dos fatores 1, 2 e 3 e a pontuação global da RIPLS não apresentaram diferenças entre os sexos. Os estudantes do curso de Farmácia apresentaram menor disponibilidade para o fator 3 (ACP) quando comparados com os alunos de Enfermagem, Fisioterapia, Medicina, Odontologia e Terapia Ocupacional (p = 0,007). Os discentes de Fonoaudiologia e Nutrição apresentaram menor pontuação no mesmo fator em comparação com os de Odontologia e Terapia Ocupacional (p = 0,007). Os estudantes de Farmácia (p = 0,004) e Medicina (p = 0,016) foram menos propícios a obter maior pontuação no fator 1 (TEC), enquanto os de Terapia Ocupacional obtiveram maior chance para maior disponibilidade no mesmo fator (p = 0,024). No fator 2 (IP), os estudantes do quinto ciclo foram menos propensos a atitudes positivas (p = 0,046). Observou-se que os estudantes de Terapia Ocupacional apresentaram atitude mais favorável para a EIP expressa tanto no fator 3 (p = 0,034) quanto na pontuação global (p = 0,027), enquanto os alunos do curso de Farmácia apresentaram menor chance para melhor disponibilidade no fator 3 (p = 0,003) e na pontuação global (p = 0,003). Conclusão: Considerando a relevância da EIP no processo de reorientação da formação de profissionais de saúde para a construção da integralidade do cuidado e alinhamento com o Sistema Único de Saúde, este estudo pretende contribuir para a reflexão acerca das diferenças na disponibilidade para EIP entre cursos de graduação na área da saúde.
Abstract: Introduction: Interprofessional Education (IPE) helps develop collaborative skills, enhance patient safety and improve the quality of health care. Readiness for shared learning is directly related to IPE. Objective: To analyze Readiness for IPE among students, according to the cycles and courses. Method: This cross-sectional, descriptive study adopted a quantitative approach and used the Readiness for Interprofessional Learning Scale (RIPLS) via an electronic form. Mann-Whitney and chi-square tests were used to analyze the continuous and categorical variables, respectively. Analyses to ascertain differences between scores for the factors (1) Teamwork and Collaboration (TEC), (2) Professional Identity (IP), (3) Patient-Centered Health Care (ACP), and the overall RIPLS score, used the Kruskal-Wallis test to compare courses and cycles. Result: A response rate of 32.6% was attained from a sample of 506 students from the Nursing, Pharmacy, Physiotherapy, Speech Therapy, Medicine, Nutrition, Dentistry and Occupational Therapy courses of a Brazilian public university. The scores for factors 1, 2 and 3, and the overall RIPLS score did not differ between genders. Pharmacy students reported a lower Readiness for factor 3 (ACP) compared to students in Nursing, Physiotherapy, Medicine, Dentistry and Occupational Therapy (p=0.007). Speech therapy and Nutrition reported lower scores for the same factor compared to Dentistry and Occupational Therapy (p=0.007). Pharmacy students (p=0.004) and medicine students (p=0.016) were less likely to obtain a higher score in factor 1(TEC), while Occupational Therapy students were more likely to report greater Readiness in the same factor (p=0.024). In factor 2 (IP), fifth grade students were less likely to have positive attitudes (p=0.046). It was observed that Occupational Therapy students showed a more favorable attitude towards IPE expressed both in factor 3 (p=0.034) and in the overall score (p=0.027), while students in the Pharmacy course were less likely to report better readiness in factor 3 (p=0.003) and in the overall score (p=0.003). Conclusion: Considering the relevance of IPE in the process of redirecting health care training to build comprehensive care and ensure alignment with the Unified Health System, this study aims to reflect on the differences in readiness for IPE between undergraduate courses in health area.