Resumo Em meados do século XX, estabeleceu-se nas “ciências humanas” uma abordagem teórica que ficou conhecida como Estruturalismo. Dada a sua origem e dispersão transdisciplinar, o pensamento estrutural adquiriu nuances conceptuais e procedimentos específicos de investigação de acordo com este ou aquele campo do saber que o assimilou. Em Filosofia, tal orientação se difundiu enquanto uma maneira de ler os textos filosóficos com ressonâncias pedagógicas e institucionais. No início dos anos 1950, quando da consolidação inicial da Filosofia universitária brasileira, o “método estrutural” nos chegou sobretudo pela influência de Martial Gueroult e de Victor Goldschmidt na Universidade de São Paulo. Firmou-se posteriormente a narrativa de que a leitura estrutural se disseminou da filosofia franco-uspiana para vários centros filosóficos brasileiros, constituindo assim um paradigma. A minha hipótese historiográfica é de que o método estrutural foi um fenômeno estadual em nosso ensino de Filosofia, não tendo adquirido uma projeção nacional em nossos currículos ou formas de ensino. Para tanto, proponho-me, inicialmente, mostrar como se deu a implementação da análise estrutural a partir de uma certa ruptura com o modelo do período de fundação da antiga Faculdade de Filosofia da USP. Em seguida, por um exame de depoimentos e comentários dos principais envolvidos na fundação e consolidação do Departamento de Filosofia da USP, sugiro que o ensino franco-uspiano possui diferentes matrizes, das quais o estruturalismo talvez sequer tenha sido a mais influente. Além disso, os relatos atestam um insulamento de décadas em nosso ensino universitário de Filosofia que permite explicar por que o método estrutural teve um alcance bastante limitado em outros centros filosóficos do país. Já a minha hipótese sistemática é de que a leitura estrutural de textos filosóficos é incompatível com a noção mesma de História da Filosofia - e nisso há consequências para a própria autoimagem da Filosofia e da sua a formação universitária. Mesmo que restrita aqui a um estudo de caso, esta investigação é parte de uma reflexão mais ampla e em desenvolvimento sobre as representações da Filosofia no pensamento contemporâneo. XX estabeleceuse estabeleceu ciências humanas Estruturalismo transdisciplinar assimilou institucionais 1950 brasileira Paulo Firmouse Firmou francouspiana franco uspiana brasileiros paradigma tanto proponhome, proponhome proponho me, me proponho-me inicialmente USP seguida francouspiano uspiano matrizes influente disso país caso contemporâneo 195 19 1
Abstract In the mid-twentieth century, a theoretical approach was established in the "human sciences" and became known as Structuralism. Given its origin and transdisciplinary dispersion, structural thinking acquired conceptual nuances and specific research procedures according to this or that field of knowledge that assimilated it. In Philosophy, such an orientation became widespread as a certain way of reading philosophical texts that engendered certain pedagogical and institutional conducts. In the early 1950s, during the initial consolidation of Courses of Philosophy in Brazilian universities, the "structural method" came to us mainly through the influence of Martial Gueroult and Victor Goldschmidt at the University of São Paulo. The narrative that the structural reading spread from Franco-Uspian philosophy to several Brazilian philosophical centres, thus constituting a paradigm, was later firmed. My historiographical hypothesis here is that the structural method was a local phenomenon in our Philosophy teaching, never having acquired a national projection in our curricula or forms of teaching. To this end, I propose, at first, to show how the implementation of the structural method took place from a certain rupture with the model of the founding period of the Philosophy Department /USP. Next, by an examination of testimonies and comments from those principally involved in the foundation and consolidation of the Philosophy Department /USP, I suggest that Franco-uspian teaching has different matrices, of which structuralism is perhaps not even the most influential. Moreover, the reports attest to a decades-long apartness in our university teaching of Philosophy in Brazil that explains why the structural method had a rather limited reach in other philosophical centres of the country. My systematic hypothesis is that the structural reading of philosophical texts is incompatible with the very notion of History of Philosophy - and there are consequences for the self-image of Philosophy and its university education. This specific study is part of a larger and developing reflection on the representations of Philosophy in contemporary thought. midtwentieth mid twentieth century human sciences Structuralism dispersion it conducts 1950s s universities Paulo FrancoUspian Franco Uspian paradigm firmed end propose first USP /USP Next Francouspian uspian matrices influential Moreover decadeslong decades long country selfimage self image education thought