As indústrias brasileiras de processamento de fécula produzem, como descarte, grandes quantidades de bagaço ou farelo de mandioca que é jogado fora, poluindo o meio ambiente, ou é utilizado na alimentação de animais. A proposta desta pesquisa consiste na utilização do bagaço, descarte da fecularia, como produto para consumo na alimentação humana. Foi preparado, a partir do bagaço coletado na fecularia um produto farináceo identificado como "farinha de mandioca teste", a qual apresentou, em comparação com as farinhas comerciais, alta quantidade (43,1%) de fibra alimentar e baixa quantidade (47,1%) de amido. Os teores de proteína, lipídeo e cinzas foram semelhantes ao das farinhas comerciais. A "farinha teste" foi usada no preparo de dietas semi-sintéticas para ratos em crescimento nas concentrações de 11,6 , 34,8 e 58,0%; farinhas adquiridas no comércio foram usadas como referência. A freqüência de defecações, o peso das fezes úmidas e secas e o volume das fezes secas foram maiores para os grupos supridos com dietas contendo a "farinha teste", em comparação com os grupos que receberam a farinha do comércio, mas, com relação aos valores dos quocientes de eficiência alimentar (QEA) e protéica (PERop) não houve diferença significativa entre as duas farinhas. Uma redução no ganho de peso corpóreo dos animais, resultante de diminuição da ingestão de alimento, foi observado para os tratamentos contendo a farinha teste. Tais resultados permitiram concluir que a "farinha de mandioca teste" apresentou propriedades fisiológicas, em nível intestinal, características da fibra alimentar insolúvel e, em vista disso, constitui-se numa fonte potencial de fibra para a alimentação humana. O bagaço de mandioca produzido como descarte nas fecularias poderá ser aproveitado como matéria-prima para a produção de uma farinha de mandioca rica em fibra alimentar insolúvel, característica distinta das farinhas de mandioca existentes no comércio.
At the brazilian starch industries the production process of sour or fermented cassava starch generates a high quantity of a by-product denominated residual cassava fibrous waste or bagasse. Normally such material is discarded with deleterious effects to the environment or it is utilized, in low quantity, as a component of animal feed. It was prepared in laboratory, from the bagasse, a cassava flour which presented higher insoluble dietary fiber (43.1%) and lower starch (47.1%), compared to cassava flours obtained from the market place. The proportions of protein, lipid and ash of the high-fiber flour were similar to commercial flours. In addition, defecation frequency, wet (fresh) and dry fecal weight and fecal bulking in rats fed high-fiber flour increased, but It did not interfere in the food efficiency ratio and on the protein efficiency ratio (PER op) values. A reduction of the body weight gain, as a result of a decrease in food ingestion, was observed for the treatments containing the high fiber cassava flour. Such results indicate that the high-fiber cassava flour presents nutritional and gastrointestinal properties which allows it to be used as an adequate source of dietary fiber for human nutrition. The cassava fibrous waste may be used as high-fiber cassava flour containing high proportion of insoluble fiber, a distinct feature from the regular commercial flour.