OBJETIVO: A doença meningocócica é, ainda hoje, um sério problema de saúde pública, estando associada a elevadas taxas de morbidade e letalidade no mundo e, em especial, no Brasil. Além de discutir as recentes mudanças na epidemiologia da doença meningocócica no mundo, analisamos o desenvolvimento e o impacto das novas vacinas conjugadas na prevenção da doença meningocócica, com ênfase nas diferentes estratégias de imunização utilizadas com essas vacinas. FONTE DOS DADOS: Foram pesquisadas as bases de dados MEDLINE no período de 1996 a 2006, com destaque para artigos de revisão, ensaios clínicos e epidemiológicos. Também foi realizada busca de informações nos portais do Centro de Controle de Doenças, Ministério da Saúde do Brasil e Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo. SÍNTESE DOS DADOS: Cinco sorogrupos (A, B, C, W135 e Y) respondem por virtualmente todos os casos da doença no mundo, com marcantes diferenças regionais e temporais. As novas vacinas conjugadas contra o meningococo C apresentam inequívocas vantagens em relação às vacinas polissacarídicas. Induzem uma resposta de anticorpos mais eficiente e duradoura, propiciando memória imunológica e redução da incidência de portadores. Os resultados imediatos da introdução dessas vacinas nos programas de imunização foram animadores, com dramática redução da incidência de doença, inclusive em não-vacinados (imunidade de rebanho). Entretanto, recentemente constatou-se perda da eficácia após alguns anos da aplicação da vacina, especialmente entre os lactentes vacinados. CONCLUSÕES:A perda de efetividade das vacinas conjugadas contra o meningococo C, observada após alguns anos da imunização de lactentes jovens, justifica a mudança dos esquemas de vacinação, com a incorporação de uma dose de reforço entre 12 e 18 meses de idade para garantir uma proteção mais duradoura. O recente licenciamento da vacina quadrivalente meningocócica conjugada representa, enfim, a real possibilidade de uma proteção mais abrangente contra a doença meningocócica, restando ainda a necessidade de se desenvolver uma vacina eficaz contra o meningococo B.
OBJECTIVE: Meningococcal disease continues to be a serious public health concern, being associated with high morbidity and mortality rates worldwide, particularly in Brazil. In addition to discussing recent changes in the global epidemiology of meningococcal disease, we also analyze the development and impact of new conjugate vaccines on the prevention of meningococcal disease, with emphasis on the different immunization strategies implemented with these vaccines. SOURCES OF DATA: MEDLINE databases were searched from 1996 to 2006, with emphasis on review articles, clinical trials and epidemiological studies. Information was also sought on the Centers for Disease Control and Prevention, Brazilian Ministry of Health and Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo websites. SUMMARY OF THE FINDINGS: Five serogroups (A, B, C, W135 and Y) are responsible for virtually all cases of the disease worldwide, with marked regional and temporal differences. The new meningococcal serogroup C conjugate vaccines (MCC) offer unmistakable advantages over polysaccharide vaccines. MCC vaccines generate a more efficient and long-lasting antibody response, inducing immunologic memory and reduction of nasopharyngeal carriage. The immediate results of introducing these vaccines into immunization programs have been encouraging, with a dramatic reduction in the incidence of serogroup C disease, not only in vaccinated, but also in unvaccinated individuals (herd immunity). However, concerns have arisen regarding the long-term effectiveness of these vaccines, especially for infants vaccinated in the routine schedule. CONCLUSIONS: The reported waning of efficacy more than 1 year after routine infant immunization supports alternative schedules incorporating a booster dose of MCC vaccine given at 12-18 months of age, in order to maintain long-term protection. The recent licensure of the tetravalent meningococcal conjugate vaccine represents, at last, a real possibility of a broader protection against meningococcal disease, although the need to develop an effective vaccine against serogroup B remains.