Resumo Recentemente, o chamado “parto humanizado” tem sido objeto de inúmeros estudos, configurando um movimento social que se expressa publicamente contra o parto hospitalar tradicional, incentivando o uso de práticas “humanizadas” que seriam mais adequadas à fisiologia do parto. Neste trabalho discutimos a forma como esta proposta de um novo modo de parir se articula com uma interpretação renovada da dor do parto. Para nossa análise, utilizamos entrevistas, aulas de capacitação para doulas, blogs, sites, vídeos, filmes e um e-book. Nosso foco prioritário foi o material acessado através da internet, já que boa parte das informações e reivindicações associadas ao movimento circula em redes virtuais. Observamos como o ideário do parto humanizado caracteriza-se por fazer determinadas bricolagens: entre ciência e concepções alternativas do mundo; entre tradição e modernidade. Procuramos mostrar como a dor, ressignificada nesse ideário, torna-se uma componente intrínseca da experiência de dar à luz, e é um valor fundante da nova identidade da mulher-mãe.
Abstract Recently, the so-called "humanized childbirth" has been the subject of numerous studies, amounting to a social movement that speaks publicly against traditional birth, encouraging the use of "humanized" practices that are more adequate to the physiology of childbirth. In this article we discuss the way this new form of giving birth articulates itself with a renewed interpretation of the pain normally associated with childbirth. In our analysis we use interviews, training classes for doulas, blogs, websites, videos, movies and an e-book. We chose to focus primarily on the material accessed through the Internet, since the information and the political claims associated with the movement circulate mainly within virtual networks. We argue that the ideology of humanized childbirth is characterized by bricolages: between science and alternative conceptions of the world; between tradition and modernity. We seek to show how pain, re-signified by this new ideal, seems to be an intrinsic component of the experience of giving birth, and is a key value of the new identity of the woman who becomes a mother.
Resumen El llamado "parto humanizado" viene siendo objeto de innumerables estudios, configurando un movimiento social que se expresa contra el parto tradicional en el hospital, incentivando el uso de prácticas "humanizadas" que serían más adecuadas a la fisiología del parto. Este trabajo discute como la propuesta de un nuevo modo de parir se articula con una interpretación renovada del dolor del parto. Para este análisis, utilizamos entrevistas, clases de capacitación para doulas, blogs, sitios de internet, videos y un e-book. Nuestro foco principal fue el material encontrado en internet, ya que buena parte de las informaciones y reivindicaciones asociadas al movimiento circulan en redes virtuales. Observamos que este ideario se caracteriza por hacer determinados entramados: entre ciencia y concepciones alternativas del mundo; entre tradición y modernidad. Buscamos mostrar cómo la resignificación del dolor, componente intrínseco de esta experiencia de parto, es un valor fundante de la nueva identidad de la mujer-madre.