Cada vez mais há evidências sobre a mudança global nos sistemas alimentares, que envolvem disponibilidade, acessibilidade, custo e pertinência dos alimentos ultraprocessados. O objetivo deste trabalho foi analisar o consumo aparente de energia, gorduras saturadas, açúcar e sódio conforme o nível de processamento de alimentos e a renda familiar na Argentina no período entre 1996 e 2018. Estudo descritivo e transversal, realizado com dados sobre o consumo de alimentos e bebidas e a renda familiar obtidos da Pesquisa Nacional de Consumo Domiciliar de 1996-1997, 2004-2005, 2012-2013 e 2017-2018, que inclui mais de 20.000 residências em cada período. Foi calculado o consumo diário de energia, gordura saturada, açúcar e sódio por adulto equivalente a partir de: (1) alimentos minimamente processados; (2) ingredientes culinários processados; (3) alimentos processados e (4) alimentos ultraprocessados, para cada período e de acordo com o quintil de renda familiar per capita. Foi aplicada análise estatística descritiva. Em relação à energia e aos nutrientes analisados, foi encontrada uma redução na proporção de alimentos minimamente processados, ingredientes culinários e alimentos processados, e um aumento de alimentos ultraprocessados. O consumo de alimentos ultraprocessados é maior conforme aumenta a renda familiar, mas com diferenças que diminuem ao longo do tempo. Esses resultados evidenciam a necessidade de promover estratégias na Argentina quanto ao consumo de alimentos minimamente processados e desestimular a disponibilidade e o acesso a alimentos ultraprocessados, especialmente para os grupos mais vulneráveis.
Growing evidence of the global transition in food systems exists, affecting the availability, accessibility, affordability, and convenience of highly processed foods. This study aimed to evaluate the apparent consumption of energy, saturated fat, added sugars, and sodium according to the degree of food processing in Argentina from 1996 to 2018 and according to income level. This is a descriptive and cross-sectional study with data on food and beverage expenditures and income from the National Household Expenditure Survey for years 1996-1997, 2004-2005, 2012-2013, and 2017-2018, including more than 20,000 households in each period. The apparent daily consumption of energy, saturated fat, added sugars, and sodium per adult for: (1) minimally processed foods; (2) processed culinary ingredients; (3) processed foods; and (4) ultra-processed products, was calculated for each period and according to per capita income quintile in each household. Descriptive statistical analysis was performed. Reductions in the proportion of energy and all nutrients evaluated from minimally processed foods, culinary ingredients and processed foods were observed, as well as an increase in the consumption of ultra-processed products. One also observes a greater share from ultra-processed foods as household income increases but with decreasing differences over time. Therefore, future strategies in Argentina should promote the consumption of minimally processed foods and discourage the availability and accessibility of ultra-processed ones, especially for the most vulnerable groups.
Existe una creciente evidencia de la transición global en los sistemas alimentarios que afectan la disponibilidad, accesibilidad, asequibilidad y conveniencia de los alimentos altamente procesados. El objetivo de este trabajo fue evaluar el consumo aparente de energía, grasas saturadas, azúcares agregados y sodio según el grado de procesamiento de los alimentos en la Argentina entre 1996 y 2018, según el nivel de ingreso. Se trata de un estudio descriptivo y transversal, con datos de gastos de alimentos y bebidas e ingresos de la Encuesta Nacional de Gastos de los Hogares de 1996-1997, 2004-2005, 2012-2013 y 2017-2018, que incluye más de 20.000 hogares en cada período. Se calculó el consumo aparente diario de energía, grasas saturadas, azúcares agregados y sodio por adulto equivalente de: (1) alimentos mínimamente procesados; (2) ingredientes culinarios procesados; (3) alimentos procesados y (4) productos ultraprocesados, para cada periodo y según el quintil de ingresos per cápita del hogar. Fue utilizado análisis estadístico descriptivo. En energía y todos los nutrientes evaluados, se observa la reducción de la proporción proveniente de alimentos mínimamente procesados, ingredientes culinarios y alimentos procesados, y el aumento de productos ultraprocesados. Con una mayor contribución a partir de ultraprocesados, a medida que aumentan los ingresos del hogar, pero con diferencias que disminuyen a lo largo del tiempo. Dados los resultados, las estrategias futuras en Argentina deberían promover el consumo de alimentos mínimamente procesados y desalentar la disponibilidad y accesibilidad de alimentos ultraprocesados, con especial énfasis en los grupos más vulnerados.