Tabebuia é um gênero representativo do bioma Cerrado, ocorrendo em formações savânicas e florestais, que diferem em termos de microclima, disponibilidade hídrica e propriedades do solo. Neste trabalho foi realizado um estudo comparativo de parâmetros morfológicos e fisiológicos entre duas espécies, sendo Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook. f. ex S. Moore típica de ambientes savânicos, como o cerrado sensu stricto, enquanto T. impetiginosa (Mart. Ex DC.) Standl é tipicamente encontrada nas matas de galeria, que margeiam os cursos de água. As duas espécies foram amostradas em ambientes savânicos, expostas a condições semelhantes de alta luminosidade. A espécie savânica apresentou maiores valores de espessura foliar, massa foliar específica, espessura do pecíolo, assimilação máxima de CO2, condutância estomática, transpiração e concentração foliar de carotenóides. A espécie de mata destacou-se pelos maiores valores de área foliar específica, comprimento do pecíolo e de assimilação de CO2 em base de massa, parâmetros que contribuem para maior taxa de crescimento e de tolerância ao sombreamento. Esta distinção funcional entre as duas espécies em vários atributos foliares, mesmo quando situadas num mesmo tipo de ambiente, pode ser o resultado da história evolutiva dessas espécies em resposta às diferentes pressões seletivas nos ambientes típicos de ocorrência.
The genus Tabebuia is representative of the Cerrado biome, occurring in savanna and forest formations. These vegetation types are associated with distinct environmental conditions in terms of water availability, microclimate and soil properties. We compared morphological and physiological traits between Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook. f. ex S. Moore, which is typical of the savanna vegetation, and T. impetiginosa (Mart. ex DC.) Standl, which is commonly found in the gallery forests that occur along streams and rivers. Both were sampled in savanna conditions under full sun. The savanna species had higher values of leaf and petiole thickness, specific leaf mass, maximum CO2 assimilation on a leaf area basis, stomatal conductance, transpiration and in leaf concentration of carotenoids. The forest species stood out by higher values of specific leaf area, petiole length and of CO2 assimilation on a mass basis, parameters related to shade tolerance and higher growth rates. This functional distinction in a range of leaf traits that was maintained when both were naturally growing under similar environmental conditions, suggests that these are probably the result of differences in the evolutionary history of the two species in response to the contrasting environmental conditions in the typical habitats where they occur.