Resumo Introdução: A doença cardiovascular (DCV) é especialmente prevalente em pacientes com doença renal crônica (DRC). Objetivo: Avaliar o papel da DRC e da síndrome metabólica (SM), que é um conjunto de fatores de risco para DCV, como previsores de DCV. Métodos: Estudo observacional, transversal, com uma amostra representativa da população assistida pelo programa de atenção primária em Niterói, RJ, Brasil, incluindo pacientes com idade igual ou maior do que 45 anos. A DRC foi diagnosticada segundo o K/DOQI e a SM, pelo critério harmonizado. A DCV foi dita estar presente diante de um ou mais dos seguintes achados: anormalidades ecocardiográficas ou história de infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral ou insuficiência cardíaca. Um modelo de regressão logística foi desenvolvido para analisar os fatores de risco cardiovasculares usando a DRC como a variável de interesse primário. Resultados: Foram analisados 581 participantes (38,2% homens), com idade média de 59,4 ± 10,2 anos. A taxa de prevalência da DRC foi de 27,9%. Em participantes sem DRC, a SM foi associada com um ligeiro, mas estatisticamente significativo aumento no risco cardiovascular (OR = 1,52, p = 0,04); naqueles com DRC, mas sem SM, o risco para DCV também foi estatisticamente significativo e com maior magnitude (OR = 2,42, p = 0,003); quando ambos estavam presentes, o risco para DCV foi substancialmente mais elevado (OR = 5,13, p < 0,001). Conclusão: Neste estudo, envolvendo uma população assistida por um programa de atenção primária, a DRC foi confirmada como um fator de risco independente para DCV. A presença da SM concomitante com a DRC ampliou substancialmente esse risco.
Abstract Introduction: Cardiovascular disease (CVD) is especially prevalent in patients with chronic kidney disease (CKD). Objective: To evaluate the role of CKD and metabolic syndrome (MS), which is a cluster of risk factors for CVD, as predictors of CVD. Methods: Observational, cross-sectional study with a random sample aged 45 or more years extracted from the population assisted by the primary care program in Niterói city in the state of Rio de Janeiro, Brazil. CKD was diagnosed by the K/DOQI guidelines and MS, by the harmonized criteria. CVD was said to be present if the participant had one or more of the following findings: echocardiographic abnormalities, and history of myocardial infarction, stroke or heart failure. A logistic regression model was developed to analyze risk factors for CVD using CKD as the variable of primary interest. Results: Fifty hundred and eighty-one participants (38.2% male) with a mean age of 59.4 ± 10.2 years were analyzed. The prevalence rate of CKD was 27.9%. In participants without CKD, MS was associated with a slight but statistically significant increase in the risk for CVD (OR = 1.52, p = 0.037); in those with CKD but without MS the risk for CVD was also statistically significant and at a greater magnitude (OR = 2.42, p = 0.003); when both were present the risk for CVD was substantially higher (OR = 5.13, p < 0.001). Conclusion: In this study involving a population assisted by a primary care program, CKD was confirmed as an independent risk factor for CVD. The presence of MS concurrent with CKD substantially amplified the risk for CVD.