Introdução: O Parâmetro de Atenuação Controlada (CAP) medido por elastografia hepática tem sido sugerido como um método não invasivo para deteção e quantificação de esteatose. O objetivo deste estudo foi avaliar a acuidade do CAP na avaliação da esteatose hepática nos doentes com doença hepática crónica (DHC) comparativamente à histologia e avaliar os fatores que se correlacionam com o valor de CAP. Métodos: Incluídos os doentes com DHC que realizaram simultaneamente biópsia hepática e avaliação do CAP. Para avaliação do CAP foi utilizada a sonda M do Fibroscan® (Echosens,Paris, France). Na histologia, a esteatose foi categorizada em ausente (S0: <5%), ligeira (S1: 5-33%), moderada (S2: 34-66%) e grave (S3: >66% de hepatócitos). Resultados: Foram analisados 159 doentes com DHC (61% homens; idade média 47.9 ± 12.9 anos). Verificou-se uma correlação positiva entre o CAP e esteatose na histologia (r s = 0.869, p < 0.001), hipertensão arterial (r s = 0.222, p = 0.005), diabetes mellitus tipo 2 (r s =0.279, p < 0.001), índice de massa corporal (r s = 0.533, p < 0.001), colesterol total (r s = 0.442, p < 0.001), triglicerídeos (r s = 0.272, p = 0.001) e NAFLD (r s = 0.588, p < 0.001). Na análise multivariada, IMC>25 mg/kg 2 (odds ratio [OR] 48.4, IC 95%: 23.78-72.95, p < 0.001), o colesterol sérico (OR 3.803, IC 95%: 2.203-13.889, p = 0.008) e etiologia NAFLD (OR 40.8, IC 95%: 15.01-66.66, p = 0.002) associaram-se de forma independente a valores de CAP mais elevados. O CAP não se correlacionou com o grau de atividade necroinflamatória (r s = 0.063, p = 0.808) ou de fibrose na histologia (r s = 0.071, p = 0.713) nem com o valor de ALT (r s = 0.190, p = 0.356) ou AST (r s = 0.117, p = 0.142). O melhor cutoff para diagnóstico de esteatose ≥ S1, ≥ S2 e ≥ S3 foi 206.5 dB/m, 232.5 dB/m e 282.5 dB/m, respetivamente. A acuidade do CAP para diagnóstico de esteatose ≥ S1, ≥ S2 e ≥ S3, CAP foi 0.822, 0.956 e 0.976, respetivamente. Conclusões: O CAP apresentou elevada acuidade diagnóstica na deteção de esteatose em doentes com doença hepática crónica. Um valor de CAP inferior a 282.5 dB/m exclui esteatose ≥ S3 com 98% de acuidade.
Introduction: Controlled attenuation parameter (CAP), measured by transient elastography, has been suggested as a noninvasive method for the detection and quantification of steatosis. We aimed to assess the accuracy of CAP to detect steatosis in patients with chronic liver disease (CLD) compared with liver histology and to evaluate factors that correlate with the CAP value. Methods: Patients with CLD who underwent liver biopsy and simultaneous CAP determination were consecutively enrolled. CAP was measured using the M probe of FibroScan® (Echosens, Paris, France). Histologically, steatosis was categorized as absent (S0: <5%), mild (S1: 5-33%), moderate (S2: 34-66%) and severe (S3: >66% of all hepatocytes ). Results: We analyzed 159 patients with CLD (61% men, mean age 47.9 ± 12.9 years). We found a positive correlation between CAP and steatosis in histology (r s = 0.869, p < 0.001), arterial hypertension (r s = 0.222, p = .005), type 2 diabetes mellitus (r s = 0.279, p < 0.001), body mass index (BMI; r s = 0.533, p < 0.001), total cholesterol (r s = 0.442, p < 0.001), triglycerides (r s = 0.272, p = 0.001), and non-alcoholic fatty liver disease (NAFLD; r s = 0.588, p < 0.001). In the multivariate analysis, BMI >25 (odds ratio [OR] 48.4, 95% confidence interval [CI] 23.78-72.95, p < 0.001), serum total cholesterol (OR 3.803, 95% CI 2.203-13.889, p = 0.008), and NAFLD etiology (OR 40.8, 95% CI 15.01-66.66, p = 0.002) were independently associated with higher CAP values. We did not find any significant correlation between CAP and the grade of necroinflammatory activity (r s = 0.063, p = 0.808) or fibrosis (r s = 0.071, p = 0.713) in histology and with alanine aminotransferase (r s = 0.190, p = 0.356) or aspartate aminotransferase (r s = 0.117, p = 0.142). Optimal CAP cutoff values for detecting steatosis ≥ S1, ≥ S2, and ≥ S3 were 206.5, 232.5, and 282.5 dB/m, respectively. CAP performance was 0.822, 0.956, and 0.976 for diagnosing steatosis ≥ S1, ≥ S2, and ≥ S3, respectively. Conclusions: CAP had an excellent diagnostic accuracy for the detection of steatosis in diverse CLD patients. A CAP value cutoff of <282.5 dB/m excludes severe steatosis ≥ S3 with an accuracy of 98%.