Uma decisão clínica informada deriva de um diálogo, no qual ocorre a partilha de especificidades biopsicossociais, preferências e valores de uma pessoa com o seu médico. Este, por sua vez, partilha informações associadas a um risco epidemiológico ou de uma intervenção. O risco pode ser comunicado por palavras, números ou gráficos, sendo que o formato escolhido influencia as percepções e os comportamentos dos utentes. O formato nem sempre é compreendido e a incapacidade de raciocinar com informação numérica (inumeracia) constitui uma importante barreira a uma comunicação eficaz. Apesar disso, é possível minorar o impacto da inumeracia através de estratégias comunicacionais. As frequências naturais, a redução de risco absoluto e a utilização de pictogramas permitem uma percepção mais realista do risco e tornam-no mais inteligível, independentemente do grau de numeracia. Existe sempre algum grau de incerteza associado às estimativas de risco, mas o mais importante é ajudar o utente a lidar com a incerteza. Além disso, o risco não deve ser encarado num contexto populacional, mas antes personalizado, tendo em conta os factores pessoais que modulam os benefícios ou prejuízos associados às intervenções propostas. Independentemente das políticas populacionais existentes, uma decisão de saúde cabe sempre ao utente, pessoa livre e autónoma.
An informed clinical decision arises from a dialogue, where the patient shares biopsychosocial information, preferences and values with his/her physician. Physicians share information about epidemiology and the risk of interventions. We can communicate risk using words, numbers or graphs and the chosen format influences patient’s perceptions and behaviour. The format is not always understood, and the inability to reason with numbers (innumeracy) constitutes an important barrier to communicate in an effective way. Despite that, the impact of innumeracy can be lessened through communicational strategies. Frequencies, absolute risk reduction and pictograms convey risk information in a more realistic and understandable way, irrespective of numeracy. There is always uncertainty about risk estimates, but physicians should focus on helping patients dealing with uncertainty. Furthermore, we should understand risk in an individualized context by taking into account personal factors that influence benefits or harms related to the proposed interventions. Regardless of population policies, decisions about health are always made by the patient, who is an autonomous and free person.