Objetivos: Caracterizar a referenciação à consulta de memória pelos cuidados primários, nomeadamente os motivos de referenciação, o estudo diagnóstico realizado ao nível dos cuidados primários e o tempo decorrido até à consulta hospitalar. Tipo de estudo: Estudo observacional, transversal, descritivo. Local: Hospital de Braga. População: Utentes referenciados pelos cuidados de saúde primários à consulta de memória do hospital de Braga, com primeira consulta entre maio de 2011 e dezembro de 2015. Métodos: Estudo realizado entre fevereiro e junho de 2016. Foram consultadas as referenciações informáticas dos utentes selecionados. As variáveis analisadas foram género, idade, profissão, escolaridade, estado civil, antecedentes de risco, motivos de referenciação, presença de defeito cognitivo, estudo diagnóstico analítico e imagiológico prévio e tempo decorrido até à referenciação e à consulta hospitalar. Resultados: Foram identificadas 290 referenciações, maioritariamente de utentes do género feminino (69%), idade média de 75 anos, reformados (81%), com menos de quatro anos de escolaridade (51%). Cinquenta e oito por cento dos casos foram referenciados por perda de memória. Sessenta e oito por cento das referenciações indicavam antecedentes pessoais de risco e 10% antecedentes familiares de demência, 17% mencionavam a avaliação breve do estado mental, 51% indicavam realização prévia de tomografia computorizada cerebral e 32% de estudo analítico. A referenciação demorou mais de 24 meses (55%) e a consulta hospitalar entre sete a 12 meses (55%). O principal motivo de referenciação está de acordo com outros estudos. As referenciações revelaram-se incompletas relativamente aos antecedentes de risco, ao rastreio cognitivo e à investigação diagnóstica prévia. As referenciações e a resposta hospitalar são efetuadas tardiamente. Conclusão: Este estudo revelou lacunas na informação das referenciações que devem ser aperfeiçoadas, de modo a melhorar a articulação dos cuidados de saúde. Estes dados sugerem que pode haver limitações à abordagem destes doentes nos cuidados primários
Objectives: To characterise the referrals from primary care to the memory, including the reasons for referral, the diagnostic study performed in primary care, and the time elapsed until the hospital consultation. Type of study: Observational, cross-sectional, descriptive study. Setting: Hospital de Braga. Participants: Patients referred by primary care to the memory consultation of Hospital de Braga, with first consultation taking place between May 2011 and December 2015. Methods: The study was carried out between February and June 2016. Informatic referrals of selected patients were retrieved. The variables analysed included gender, age, occupation, educational level, marital status, previous risk factors, reasons for referral, presence of cognitive impairment, previous diagnostic study, and time elapsed until referral and hospital consultation. Results: We identified 290 referrals, mostly concerning female patients (69%), mean age of 75 years (69%), pensioners (81%) and with less than 4 years of schooling (51%). Fifty eight percent of the cases were referred by loss of memory. Sixty eight percent of the referrals had a personal history of risk, 10% has a family history of dementia, 17% had a brief assessment of mental status, 51% had a previous computed tomography scan, and 32% had previous analytic investigation. In 55% of the cases, the referral took more than 24 months and the waiting time until hospital consultation took between 7-12 months. The main reason for referral is in agreement with other studies. The referrals were incomplete regarding previous risk factors, cognitive screening and previous diagnostic investigation. Both referrals and hospital responses still take place late. Conclusions: This study revealed information gaps in referrals that should be improved in order to optimise the transition between different levels of care. These results suggest that there may be limitations in approaching these patients in primary care