RESUMO OBJETIVO Identificar os fatores determinantes para infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) tardias em terapia intensiva neonatal e multirresistência bacteriana. MÉTODOS Estudo caso-controle em unidade de terapia intensiva neonatal do Estado do Ceará, entre janeiro de 2013 e dezembro de 2017. Considerado caso o recém-nascido notificado como IRAS tardia e, controle, aquele sem infecção. Variáveis com valor de p ≤ 0,05 em análise regressiva bivariada inicial foram incluídas em modelo logístico hierarquizado não condicional para análise multivariada. Valores de p menores que 0,01 foram considerados significativos. RESULTADOS Dos 1.132 participantes, 427 (37,7%) tiveram infecções tardias relacionadas a assistência à saúde, com 54 (12,6%) hemoculturas positivas e 14,9% dessas foram bactérias multirresistentes. Na análise bivariada observou-se efeito protetor do sexo feminino (OR = 0,71; IC95% 0,56–0,90) e recém-nascido ≥ 34 semanas (OR = 0,48; IC95% 0,30–0,75). Nos mais prematuros, as infecções tardias tiveram chance dezoito vezes maior em menores do que 30 semanas (OR = 18,61; IC95% 9,84–35,22); e nos menores de 1.500g, quatro vezes maior (OR = 4,18; IC95% 3,12–5,61). O uso de ventilação mecânica aumentou em mais de sete vezes a chance (OR = 7,14; IC95% 5,26–9,09); o mesmo aconteceu com o recurso da nutrição parenteral (OR = 5,88; IC95% 4,54–7,69), com o cateter venoso central (OR = 10,00; IC95% 6,66–16,66); o número de cateteres utilizado (OR = 3,93; IC95% 3,02–5,12); a realização de cirurgia (OR = 4,00; IC95% 2,27–7,14) e o tempo de internamento (OR = 1,06; IC95% 1,05–1,07). Permaneceram significativos após ajuste: prematuro menor do que 30 semanas (OR = 5,62; IC95% 1,83–17,28); uso de ventilação (OR = 1,84; IC95% 1,26–2,68); uso de cateter venoso central (OR = 2,48; IC95% 1,40–4,37) e tempo de internamento (OR = 1,06; IC95% 1,05–1,07). Dentre os óbitos, 41 (55,4%) foram associados às infecções tardias. CONCLUSÃO Melhores práticas devem ser adotadas no cuidado da prematuridade e o uso racional de procedimentos, para evitar infecções tardias relacionadas a assistência à saúde, óbitos preveníveis e riscos de multirresistência bacteriana e contaminação ambiental.
ABSTRACT OBJECTIVES To assess the determining factors of late healthcare-associated infections (HAIs) and bacterial multiple drug resistance in neonatal intensive care. METHODS This is a case-control study, conducted between January 2013 and December 2017, in a neonatal intensive care unit in the state of Ceará, Brazil. Newborns showing late HAIs were considered cases and those without infection, the control. Variables with p-values ≤ 0.05 in our initial bivariate regressive analysis were included in a non-conditional hierarchical logistic model for multivariate analysis. P-values below 0.01 were considered significant. RESULTS Of the 1,132 participants, 427 (37.7%) showed late healthcare-associated infections. Of these, 54 (12.6%), positive blood cultures, of which 14.9% contained multidrug-resistant bacteria. Bivariate analysis showed the protective effect of the feminine phenotype (OR = 0.71; 95%CI: 0.56–0.90) and of gestational ages ≥ 34 weeks (OR = 0.48; 95%CI: 0.30–0.75). In earlier-born preterm infants, late infections were 18 times more likely in those with less than 30 week-gestations (OR = 18.61; 95%CI: 9.84–35.22) and four times higher in those weighing less than 1,500 g (OR = 4.18; 95%CI: 3.12–5.61). Mechanical ventilation increased infection odds by more than seven times (OR = 7.14; 95%CI: 5.26–9.09); as did parenteral nutrition (OR = 5.88; 95%CI: 4.54–7.69); central venous catheters (OR = 10.00; 95%CI: 6.66–16.66); the number of catheters used (OR = 3.93; 95%CI: 3.02–5.12); surgery (OR = 4.00; 95%CI: 2.27–7.14); and hospitalization time (OR = 1.06; 95%CI: 1.05–1.07). The association between preterm infants with less than 30 week-gestations (OR = 5.62; 95%CI: 1.83–17.28); mechanical ventilation (OR = 1.84; 95%CI: 1.26–2.68); central venous catheters (OR = 2.48; 95%CI: 1.40–4.37); and hospitalization time (OR = 1.06; 95%CI: 1.05–1.07) remained significant after adjustment. Among deaths, 41 (55.4%) were associated with late infections. CONCLUSION Better practices should be adopted in caring for the premature, as well as in the rational use of procedures, to avoid late healthcare-associated infections, preventable deaths, and risks of bacterial multiple drug resistance and environmental contamination.