Neste ensaio teórico objetivamos problematizar a paternidade como uma questão de saúde frente aos papéis de gênero contemporâneos, levando em conta dois eixos argumentativos: (a) Paternidade, parentalidade e os rearranjos dos papéis de gênero; e (b) Paternidade e parentalidade como uma relação de troca de bens de cuidado. Em nossa discussão, destaca-se a inserção dos homens no sistema de saúde a partir da paternidade, que, ao que parece, vem se dando de forma instrumental, sendo a díade mãe-bebê ainda a grande preocupação, e não propriamente os homens como sujeitos de direito de saúde. Nesse sentido, buscamos questionar o próprio sistema em suas percepções sobre o que vem a ser paternidade, tendo em vista as discussões mais recentes acerca do gênero e da sexualidade, e os novos arranjos familiares que podem desafiar as crenças sobre família, pai e mãe, impactando o próprio cuidado. Dentre outros aspectos, concluímos que é preciso nos reinventarmos, uma vez que nem fomos criados sob a égide da diversidade, nem nos formamos como profissionais a partir da problematização das divisões entre pai/mãe, sexo/gênero, entre outras tantas certezas que nem sempre nos ajudam a promover ações em saúde.
In this theoretical essay we aim to discuss paternity as a health issue in the context of contemporary gender roles by considering two lines of argument: (a) paternity, parenting and rearrangements of gender roles; and (b) paternity and parenting as a mutual relationship based on care. In our discussion, we highlight the inclusion of men in the health system from the point of view of paternity. At present this appears to be operating in an instrumental manner, with the mother-infant dyad still a major concern and men not being viewed as individuals with rights to health. Thus, we seek to question the system itself, in relation to its perceptions of the current state of paternity, by taking into consideration recent discussions about gender and sexuality as well as and new family arrangements that may challenge beliefs about the roles of families, fathers and mothers, which have impacts on care. Among other aspects, we conclude that we need to reinvent ourselves because we were not raised under the aegis of diversity and we were also not trained as professionals with a basis in the current problematic divisions that exist between father/mother and sex/gender, among many other previous certainties, all of which does not always help us to promote actions in the area of health.