Políticas de reforma administrativa são reconhecidas como casos típicos de políticas públicas que freqüentemente não atingem seus propósitos. A experiência aponta para um esforço continuado de governos no sentido de implementar "novas políticas" para lidar com os crônicos problemas de performance dos aparatos burocráticos. As reformas administrativas são formuladas e, rapidamente, descontinuadas, modificadas, ou abandonadas. A literatura internacional reconhece e fornece um amplo conjunto de explicações para tal fenômeno. Este artigo fornece uma explicação adicional, focalizada na impossibilidade de cooperação dos atores estratégicos para o ajuste fiscal e a mudança institucional. Discutimos também como tal fenômeno ocorreu no caso da implementação da reforma administrativa pelo Ministério da Administração Federal e da Reforma do Estado no período entre 1995 e 1998 no Brasil. A análise revela que o MARE obteve cooperação dos atores estratégicos no interior da burocracia para o ajuste fiscal, enquanto a mudança institucional não obteve o mesmo êxito. Este apoio diferenciado levou o MARE à sua extinção e, posteriormente, na transformação da política de reforma do Estado quatro anos depois de sua criação. Esse caso ilustra com clareza o argumento e lança, com base na teoria da falha permanente, uma explicação de por que as reformas administrativas, e em particular as reformas administrativas em curso nos anos de 1990, centradas na idéia de cost less and work better, representam casos de falha seqüencial.
Public administrative reform policies are known as typical cases of public policies that frequently will not reach its objectives. Experience has pointed to a continued governmental effort aiming at implementing "new policies" in order to deal with the chronic performance shown by the bureaucratic apparatus. Administrative reforms are formulated and quickly discontinued, modified, or simply abandoned. The international literature recognizes and provides a wide range of explanations for such phenomenon. This article provides an additional explanation, focused on the impossibility of cooperation between the strategic components for such fiscal adjust and the institutional change. We also discuss how such phenomenon has happened when implementing the administrative reform by the Federal Administration and State Reform Ministry in Brazil from 1995 and 1998. The analysis reveals that such Ministry (MARE) has found cooperation from the strategic components at the innermost bureaucracy for the fiscal adjust while the institutional change has not gotten the same success. Such differential support has taken MARE to its extinction and to the later transformation of the State reform policy four years after its creation. This case shows clearly such argument and proposes, based on the permanent failure theory, an explanation on how the administrative reforms have represented sequential failure cases, particularly the administrative reforms from the 1990's, which centered in the "cost less and work better" idea.
Les politiques de réforme administrative sont reconnues comme étant des cas typiques de politiques publiques qui, fréquemment, n'atteignent pas leurs objectifs. L'expérience indique un effort continu de gouvernements dans le sens de mettre en œuvre de "nouvelles politiques" pour lutter contre les problèmes chroniques de performance des apparats bureaucratiques. Les réformes administratives sont formulées et, rapidement, mal conduites, modifiées ou abandonnées. La littérature internationale reconnaît et fournit un grand ensemble d'explications pour ce phénomène. Cet article fournit une explication additionnelle, centrée sur l'impossibilité de coopération entre les acteurs stratégiques pour l'ajustement fiscal et le changement institutionnel. Nous discutons, également, comment un tel phénomène a eu lieu dans le cas de la mise en œuvre de la réforme administrative par le Ministère de l'Administration Fédérale et de la Réforme de l'État - MARE, entre 1995 et 1998 au Brésil. L'analyse révèle que le MARE a obtenu la coopération des acteurs stratégiques à l'intérieur de la bureaucratie pour l'ajustement fiscal, tandis que le changement institutionnel n'a pas obtenu le même succès. Cet appui différencié a conduit le MARE à son extinction et, postérieurement, à la transformation de la politique de réforme de l'État, quatre ans après sa création. Ce cas illustre parfaitement l'argument et lance, en se fondant sur la théorie de la faille permanente, une explication de pourquoi les réformes administratives et, en particulier, les réformes administratives en cours dans les années 1990, centrées sur l'idée de cost less and work better, représentent des cas de rupture séquentielle.