Objetivo: avaliar a eficácia da biópsia percutânea estereotáxica (BPE) no diagnóstico das lesões mamárias subclínicas, comparando seus resultados com a biópsia cirúrgica precedida de localização estereotáxica com fio guia. Métodos: no período de janeiro de 1995 a fevereiro de 1997, realizamos um estudo transversal com 41 casos de lesões não-palpáveis em pacientes com idade superior a 35 anos, no Instituto de Ginecologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Os casos foram classificados radiologicamente como benignos, provavelmente benignos, suspeitos e malignos. Para fins de análise estatística, as lesões benignas e provavelmente benignas foram estudadas em conjunto. O laudo histopatológico da BPE foi classificado em: inadequado para diagnóstico, ausência de malignidade, suspeito e maligno. O laudo histopatológico da biópsia cirúrgica foi classificado em: ausência de malignidade, pré-maligno e maligno. Calculamos a sensibilidade, a especificidade e os valores preditivos da BPE, assim como as razões de verossimilhança da mamografia e da BPE com a finalidade de predizer a probabilidade de câncer de mama. Resultados: a BPE coincidiu com a biópsia cirúrgica em 86,2% dos 29 casos de ausência de malignidade. Todos os casos suspeitos à BPE foram malignos à biópsia cirúrgica. Todos os casos de malignidade à BPE estiveram acordes com a biópsia cirúrgica. A sensibilidade e a especificidade da BPE foram 36,4% e 100%, respectivamente. O valor preditivo positivo do método foi 100% e o negativo 78,1%. No grupo classificado como maligno à mamografia, a razão de verossimilhança foi 9,7, sendo 1,3 para os casos suspeitos e 0,1 para o laudo provavelmente benigno. A razão de verossimilhança da BPE foi infinita (<FONT FACE=Symbol>¥</FONT>) para as lesões suspeitas e malignas, 0,4 para os casos classificados como ausência de malignidade e 1,4 para os casos inadequados para diagnóstico. Conclusões: após análise dos resultados, por meio da razão de verossimilhança, concluímos que o laudo de ausência de malignidade pela BPE não nos permitiu afastar o diagnóstico de patologia maligna. Nestes casos, se não houver concordância entre o laudo histopatológico e o laudo mamográfico, deve-se prossseguir na investigação. Quando o laudo era suspeito à BPE, a probabilidade da lesão corresponder a carcinoma de mama foi muito alta. Deve-se proceder à biópsia cirúrgica para diagnóstico de certeza, pois o carcinoma infiltrante possui terapêutica diversa do carcinoma in situ e da hiperplasia atípica. Quando o laudo histopatológico era de malignidade, foi elevada a probabilidade da lesão corresponder a câncer e não observamos falso-positivos. Nestes casos, a BPE permite diagnóstico mais rápido, sem necessidade de biópsia cirúrgica.
Purpose: to evaluate core biopsy (CB) for the diagnosis of subclinical breast lesions, comparing with surgical biopsy previously identified by stereotaxic mammography. Methods: this is a cross-sectional study of 41 subclinical lesion cases over 35 years of age, between January 1995 and February 1997 at the Instituto de Ginecologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. The cases were classified mammographically as benign, probably benign, suspicious and malignant. Benign and probably benign lesions were studied together for statistical purposes. The histopathologic diagnosis of CB was classified as inadequate for diagnosis, absence of malignancy, suspicious and malignant. The histopathologic diagnosis of the surgical biopsy was classified as absence of malignancy, pre-malignant and malignant. The sensitivity, especificity and predictive values of CB were evaluated. Mammography likelihood ratio and core biopsy likelihood ratio were evaluated to predict breast cancer. Results: CB coincided with surgical biopsy in 86.2% of the 29 cases of absence of malignancy. All cases suspected by CB were malignant by surgical biopsy. All cases malignant by CB were also malignant by surgical biopsy. CB sensitivity and specificity were 36.4% and 100%, respectively. Positive predictive value was 100% and negative predictive value was 78.1%. In the group classified mammographically as malignant the likelihood ratio was 9.7; for suspicious lesions it was 1.3 and for probably benign lesions it was 0.1. Core biopsy likelihood ratio was infinite (¥) for suspicious and malignant lesions, 0.4 for cases classified as absence of malignancy and 1.4 for inadequate for diagnosis cases. Conclusions: after analysis of the results, with the use of the likelihood ratio, we conclude that CB report of absence of malignancy did not allow to rule out the diagnosis of malignancy. In these cases, we should correlate the result with mammography. If CB shows absence of malignancy and there is no correlation with mammography, the research must be continued. When the report of CB was suspicious, the probability of a breast carcinoma was very high. In these cases, we should perform a surgical biopsy to establish a definitive diagnosis, because an infiltrating carcinoma needs a different therapy when compared with carcinoma in situ and atypical hyperplasia. In the cases of histopathologic report of malignancy, the probability of breast cancer was high, since we did not observe any false positive CB. In these cases, CB allowed a quick diagnosis without the need of surgical biopsy.