INTRODUÇÃO: Os autores descrevem o granuloma esquistossomótico no homem, na fase crônica tardia, do ponto de vista morfológico e evolutivo. MÉTODOS: O estudo baseou-se na análise histológica de dois fragmentos obtidos de biópsia cirúrgica do peritônio e do intestino grosso de um paciente de 42 anos de idade, com a forma pseudotumoral mimetizando carcinomatose peritoneal associada à forma hepatointestinal da esquistossomose. RESULTADOS: Foram identificados 203 granulomas no pseudotumor e 27 na biópsia intestinal, com aspectos morfológicos semelhantes, a maioria na fase crônica tardia, em cura por fibrose. Foi sugerida nova classificação estrutural para os granulomas: zona 1 (interna), zona 2 (intermediária) e zona 3 (externa). CONCLUSÕES: Considerando o granuloma como um todo, concluímos que, provavelmente, a fibrose é comandada por mecanismos diferentes e independentes nas três zonas do granuloma. A fibrose lamelar na zona 3 parece ser comandada pelas células mesenquimais da matriz (fibroblastos e células mioepiteliais) e pelas células do exsudato inflamatório (linfócitos, plasmócitos, neutrófilos, eosinófilos). A fibrose anular na zona 2, composta por conjuntivo fibroso denso, pouco celular na fase avançada, seria comandada pelas células epitelioides que envolvem a zona 1 nos granulomas recentes. Na zona 1, substituindo a necrose periovular, a neoformação conjuntiva inicialmente frouxa, rendilhada, albergando células estreladas ou com núcleos fusiformes, surge um conjuntivo denso, paucicelular, nodular, provavelmente induzido pelos fibroblastos. Em muitos granulomas falta uma das zonas descritas e o granuloma é representado apenas por duas delas: Z3 e Z2, Z3 e Z1 ou Z2 e Z1 e, no final, por uma cicatriz.
INTRODUCTION: Authors describe human schistosomal granuloma in late chronic phase, from the morphological and evolutionary viewpoints. METHODS: The study was based on a histological analysis of two fragments obtained from a surgical biopsy of peritoneum and large intestine of a 42-year-old patient, with a pseudotumoral form mimicking a peritoneal carcinomatosis associated to the schistosomiasis hepatointestinal form. RESULTS: Two hundred and three granulomas were identified in the pseudotumor and 27 in the intestinal biopsy, with similar morphological features, most in the late chronic phase, in fibrotic healing. A new structural classification was suggested for granulomas: zone 1 (internal), 2 (intermediate) and 3 (external). CONCLUSIONS: Regarding granuloma as a whole, we may conclude that fibrosis is likely to be controlled by different and independent mechanisms in the three zones of the granuloma. Lamellar fibrosis in zone 3 seems to be controlled by matrix mesenchymal cells (fibroblasts and myoepithelial cells) and by inflammatory exudate cells (lymphocytes, plasmocytes, neutrophils, eosinophils). Annular fibrosis in zone 2, comprising a dense fibrous connective tissue, with few cells in the advanced phase, would be controlled by epithelioid cells involving zone 1 in recent granulomas. In zone 1, replacing periovular necrosis, an initialy loose and tracery connective neoformation, housing stellate cells or with fusiform nuclei, a dense paucicellular nodular connctive tissue emerges, probably induced by fibroblasts. In several granulomas, one of the zones is missing and granuloma is represented by two of them: Z3 and Z2, Z3 and Z1 or Z2 and Z1 and, ultimately, by a scar.