RESUMO Objetivo: Testar a hipótese de que a doença de Chagas predispõe a alterações no nervo óptico e camada de fibras nervosas peripapilar. Métodos: Foi realizado um estudo transversal com 41 pacientes diagnosticados com doença de Chagas e 41 controles, pareados por sexo e idade. Os pacientes foram submetidos a exames oftalmológicos, incluindo medida da pressão intraocular, avaliação do nervo óptico e camada de fibras nervosas através de retinografia, tomografia de coerência óptica e perimetria automatizada padrão. Resultados: Todos os pacientes com doença de Chagas apresentavam estudo cardiológico recente; 15 pacientes (36,6%) apresentavam insuficiência cardíaca; 14 (34,1%) forma cardíaca sem disfunção de ventrículo esquerdo e 12 (29,3%), forma indeterminada. Alterações do nervo óptico/camada de fibras nervosas foram observadas em 24 pacientes (58,5%) do grupo com doença de Chagas e 07 controles (17,1%) (p£0,01). Dentre estas, palidez do nervo óptico, alterações do nervo óptico sugestivas de glaucoma, entalhe, hemorragia peripapilar e defeito da camada de fibras localizado foram detectados. As alterações foram mais proeminentes nos pacientes com doença de Chagas e insuficiência cardíaca (11 pacientes) embora também ocorressem naqueles com doença de Chagas sem disfunção de ventrículo esquerdo (7 pacientes) e com forma indeterminada (6 pacientes). A tomografia de coerência óptica mostrou que a média da espessura da camada de fibras nervosas da retina mediu 89 ± 9,7 mm), e a média da espessura da camada de fibras nervosas superior e inferior mediu 109 ± 17,5 e 113 ± 16,8 mm, respectivamente, foi menor em pacientes com doença de Chagas. Nos controles, esses valores foram de 94 ± 10,6 mm (p=0,02); 117 ± 18,1 (p=0,04) e 122 ± 18,4 mm (p=0,03). Conclusão: Alterações do nervo óptico/camada de fibras nervosas da retina foram mais prevalentes nos pacientes com doença de Chagas.
ABSTRACT Purpose: To test the hypothesis that Chagas disease predisposes to optic nerve and retinal nerve fiber layer alterations. Methods: We conducted a cross-sectional study including 41 patients diagnosed with Chagas disease and 41 controls, paired by sex and age. The patients underwent ophthalmologic examinations, including intraocular pressure measurements, optic nerve and retinal nerve fiber layer screening with retinography, optical coherence tomography, and standard automated perimetry. Results: All of the patients with Chagas disease had a recent cardiologic study; 15 (36.6%) had heart failure, 14 (34.1%) had cardiac form without left ventricular dysfunction, and 12 (29.3%) had indeterminate form. Optic nerve/retinal nerve fiber layer alterations were observed in 24 patients (58.5%) in the Chagas disease group and 7 controls (17.1%) (p£0.01). Among these, optic nerve pallor, optic nerve alterations suggestive of glaucoma, notch, peripapillary hemorrhage, and localized retinal nerve fiber layer defect were detected. Alterations were more prominent in patients with Chagas disease and heart failure (11 patients), although they also occurred in those with Chagas disease without left ventricular dysfunction (7 patients) and those with indeterminate form (6 patients). Optical coherence tomography showed that themean of the average retinal nerve fiber layer thickness measured 89 ± 9.7 mm, and the mean of retinal nerve fiber layer superior and inferior thickness measured 109 ± 17.5 and 113 ± 16.8 mm, respectively were lower in patients with Chagas disease. In controls, these values were 94 ± 10.6 (p=0.02); 117 ± 18.1 (p=0.04), and 122 ± 18.4 mm (p=0.03). Conclusion: Changes in optic nerve/ retinal nerve fiber layer were more prevalent in patients with Chagas disease.