Resumen Introducción: el artículo reflexiona sobre las tensiones que atraviesan las profesiones vinculadas a los cuidados sanitarios en situaciones de crisis acontecidas en la historia de Argentina. Se consideran tres momentos en los cuales, ante situaciones de crisis políticas, epidemias y catástrofes naturales, las mujeres, en su rol naturalizado de cuidadoras, tuvieron un desempeño más visible. Desarrollo: se analiza la participación de una de las primeras médicas argentinas, Elvira Rawson, durante la Revolución del Parque (26 de julio de 1890, Buenos Aires) cuando, aun siendo estudiante, desafió los criterios establecidos y atendió heridos de bala sin distinguir filiación política. Luego, se reflexiona sobre el papel de un grupo de enfermeras (argentinas y estadounidenses) durante la epidemia de poliomielitis en 1943 y la creación de un controvertido método de rehabilitación ideado por una enfermera, Elizabeth Kenny. Por último, se examina al terremoto sucedido en la provincia de San Juan, en 1944, como un escenario que convocó vocaciones solidarias y estimuló el desarrollo de la enfermería en Argentina. Conclusiones: la retórica de la "vocación", el "amor al prójimo" o las "dotes naturalizadas otorgadas por el sexo" suelen ser rasgos que se acentúan durante crisis políticas, sociales y sanitarias. La pandemia de COVID-19 renueva estrategias discursivas heroicas y sacrificiales que son insuficientes para reconocer los saberes profesionales asociados con las tareas de cuidados, al tiempo que ocultan las malas condiciones de trabajo y las desigualdades sexo-genéricas que se reproducen en el campo sociosanitario.
Abstract Introduction: This article reflects on the tensions that occurred in healthcare professionals during crisis situations in the history of Argentina. Women, in their naturalized role as caregivers, played a more visible role in the face of political crises, epidemics, and natural disasters. Development: We analyzed the participation of one of the first Argentinean women doctors, Elvira Rawson, during the Revolution of the Park (July 26, 1890, Buenos Aires), when, although she was a student, she defied the establishment by treating gunshot victims, regardless of their political affiliation. We have then highlighted the role of a group of nurses (Argentinean and American) during the polio epidemic in 1943 and a controversial method of rehabilitation developed by Elizabeth Kenny. Finally, we examined the 1944 earthquake that occurred in the province of San Juan as a scenario that called for solidary vocations and stimulated the development of nursing in Argentina. Conclusions: The rhetoric of "vocation," "love of neighbor," or "naturalized gifts given by sex" are features that are often accentuated during political, social, and health crises. The COVID-19 pandemic renews heroic and sacrificial discursive strategies that are insufficient to recognize the professional knowledge associated with caregiving tasks, while hiding substandard working conditions and gender inequalities that are reproduced within the social and healthcare fields.
Resumo Introdução: o artigo reflete sobre as tensões que afetam as profissões relacionadas à saúde em situações de crise ocorridas na história da Argentina. São considerados três momentos em que, em situações de crises políticas, epidemias e catástrofes naturais, a mulher, em seu papel naturalizado de cuidadora, teve um papel mais visível. Desenvolvimento: é analisada a participação de uma das primeiras médicas argentinas, Elvira Rawson, durante a Revolução do Parque (26 de julho de 1890, Buenos Aires) quando, ainda como estudante, desafiou os critérios estabelecidos para tratar feridos à bala sem distinguir afi-liação política. Em seguida, se reflete sobre o papel de um grupo de enfermeiras (argentinas e norte-americanas) durante a epidemia de pólio em 1943 e o desenvolvimento de um polêmico método de reabilitação idealizado por uma enfermeira, Elizabeth Kenny. Por fim, examina-se o terremoto ocorrido na província de San Juan em 1944, como um cenário que convocou vocações solidárias e estimulou o desenvolvimento da enfermagem na Argentina. Conclusões: a retórica da "vocação", do "amor ao próximo" ou dos "dons naturalizados concedidos pelo sexo" costumam ser traços que se acentuam nas crises políticas, sociais e de saúde. A pandemia COVID-19 renova estratégias discursivas heroicas e sacrificiais insuficientes para reconhecer os saberes profissionais associados às tarefas de cuidado, ao mesmo tempo em que oculta as precárias condições de trabalho e as desigualdades de gênero que se reproduzem no campo sociossanitário.