RESUMO Introdução: Identifico estratégias de deslegitimação que ilustram uma série de atitudes da Polícia polonesa em relação a indivíduos que resistem ao governo e desafiam a legitimidade do Estado. Materiais e métodos: A pesquisa está embutida nas teorias de macroestratégias de deslegitimação, microestratégias de banimento, e se baseia em análise qualitativa intertextual das declarações policiais para explicar como a polícia respondeu à contestação social e moldou suas relações com os manifestantes durante a pandemia. O estudo abrange pesquisa em sites oficiais, declarações para a emissora pública TVP Info, e tuítes divulgados pela Sede da Polícia Policial Polonesa e pela Sede da Polícia de Varsóvia. Resultados: No nível da macroestratégia, a pesquisa ilumina a dimensão online do processo de disciplinamento dos manifestantes, além do policiamento dos protestos baseado em expulsões. Esses são os recursos predominantes de deslegitimação da causa. Argumenta-se que seu uso se baseou na categorização dos manifestantes como violadores tanto da lei como de normas sociais. Por sua vez, a principal microestratégia foi a criminalização da referência à lei sobre a COVID. As estratégias de deslegitimação revelaram a natureza das justificações morais para as posturas negativas em relação aos manifestantes, bem como as ameaças de e o uso efetivo da força. Elas também permitiram que a polícia se legitimasse aos olhos do público e assentasse seu papel como protetora da vida humana, da saúde, da propriedade, da segurança pública e da ordem. Discussão: A aceitação e aplicação incondicional da lei inconstitucional estabelecida pelo governo revelou o preconceito político da polícia. A deslegitimação dos participantes dos protestos antigovernamentais e a aceitação ativa e inquestionável das manifestações pró-governo confirmaram sua parcialidade política.
ABSTRACT Introduction: This paper identifies delegitimization strategies that illustrate a range of attitudes of the Polish police towards individuals who resist the government and challenge the state legitimacy. Materials and Methods: The research is embedded in the theories of macro-strategies of delegitimization, out-casting micro-strategies, and is based on qualitative intertextual analysis of police statements in order to explain how the police responded to social opposition and shaped their relations with protesters during the pandemic periods. The study covers the following data: entries on official websites, statements to the public broadcaster TVP Info, and tweets released by the Polish Police Headquarters and the Warsaw Police Headquarters. Results: At the macro-strategy level, the research illuminates the online dimension of the protesters’ discipline process, as well as the policing of protests based on out-casting. These are the predominant resources of delegitimization of the cause. It is argued that its use was based on the categorization of protesters as violators of both law and social norms. In turn, the main micro-strategy applied within out-casting was criminalization formulated in reference to COVID-related law. Delegitimization strategies revealed the nature of moral justifications for negative attitudes towards protesters, as well as threats from and effective use of force. They also allowed the police to legitimize themselves in the public eye and to place their roles as protectors of human life, health, property, public security and order. Discussion: Unconditional acceptance and enforcement of the unconstitutional law established by the government revealed the political bias of the police. The delegitimization of the participants of the anti-government protests and the active and unquestionable acceptance of the pro-government demonstrations confirmed their political favoritism.