RESUMO Com o objetivo de avaliar a influência da infecção pelo Vírus da Artrite Encefalite Caprina (VAEC) nas características físico-químicas e celulares do leite foram colhidas 97 amostras de leite de cabras das raças Saanen e Pardo Alpina, sendo as amostras divididas em 3 grupos experimentais. O Grupo 1 foi composto de 36 amostras de leite de glândulas mamárias consideradas clinicamente sadias, sem crescimento bacteriano e provenientes de fêmeas reagentes ao antígeno do VAEC (soronegativas); o Grupo 2 foi composto de 49 amostras de leite de glândulas mamárias com consistência normal da mama (macia), sem crescimento bacteriano e provenientes de fêmeas reagentes ao antígeno do VAEC (soropositivas) e o Grupo 3 foi composto de 12 amostras de leite de glândulas mamárias com endurecimento difuso da mama (Mamite Indurativa), sem crescimento bacteriano e provenientes de fêmeas reagentes ao antígeno do VAEC (soropositivas). As amostras foram colhidas na sala de ordenha, imediatamente antes da ordenha do animal, sendo as seguintes características do leite determinadas: pH, eletrocondutividade, cloretos, lactose, índice cloretos/ lactose, gordura, proteína, sólidos totais, contagem de células somáticas e exame microbiológico. Do total de 97 glândulas palpadas, observou-se que o endurecimento difuso da glândula mamária foi diagnosticado em 19,68% das cabras infectadas pelo Vírus da Artrite Encefalite Caprina (VAEC). A análise dos resultados evidenciou a significativa influência da infecção pelo vírus da Artrite Encefalite Caprina (VAEC) na composição físico-química e celular do leite de caprinos, pois: a) os valores de eletrocondutividade, os teores de cloretos e a contagem de células somáticas foram maiores nas cabras infectadas pelo VAEC com ou sem sinais de endurecimento difuso da mama; b) os valores de lactose foram menores nas cabras infectadas pelo VAEC com ou sem sinais de endurecimento difuso da mama; c) os valores de proteína, gordura e sólidos totais foram menores somente no grupo de cabras infectadas pelo VAEC com sinais de endurecimento difuso da mama; c) os valores do pH não sofreram influência da infecção pelo VAEC.
ABSTRACT In order to assess the influence of an infection by the caprine arthritis-encephalitis virus (CAEV) on the physicochemical and cellular characteristics of the milk, 97 samples of milk were collected from goats of the Saanen and Oberhasli breeds. The samples were divided into 3 groups: Group 1 consisted of 36 samples collected from clinically healthy mammary glands, without bacterial growth, from females that were seronegative to the CAEV antigen; Group 2 with 49 samples collected from mammary glands with normal consistency (soft), without bacterial growth, from CAEV antigen seropositive animals; Group 3 was composed of 12 samples collected from hardened udders (indurative mastitis), without bacterial growth, from CAEV antigen seropositive animals. The samples were collected in the milking parlor immediately before the animals were milked. The pH, electrical conductivity, chloride and lactose levels, chloride/lactose ratio, fat and protein content, total solids, somatic cell count and microbiologic profile were determined. It was found that 19.68% of the seropositive animals had a diffuse hardening of the udder. The data analysis demonstrates that there is significant influence of the infection by CAEV on the physicochemical and cellular composition of the milk, as: a) the electrical conductivity, chloride level and somatic cell count were higher in CAE positive animals, regardless of the hardening of the udder; b) the lactose content was lower in CAE positive animals, regardless of the hardening of the mammary gland; c) protein, fat and total solids contents were lower only in animals with hardened udders; d) the milk pH values were not altered by the infection with CAEV.