O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença autoimune multissistêmica na qual há grande prevalência e manifestações incomuns de doenças infecciosas oportunistas, principalmente pelas múltiplas anormalidades no sistema imunológico e pelo efeito imunossupressor das medicações utilizadas em seu tratamento. Pacientes com LES têm incidência aumentada de tuberculose, e o acometimento osteoarticular ocorre em 1%-3% desses casos. Manifesta-se com dor, diminuição da mobilidade e aumento do volume osteoarticular, e os achados radiográficos costumam ser inespecíficos. A ressonância magnética nuclear (RMN) é exame útil para definir o grau de acometimento ósseo; entretanto, o diagnóstico etiológico é dado apenas pela cultura de líquido sinovial, pela cultura óssea ou pela histologia dessas regiões. Devido à inespecificidade dos achados, geralmente há atraso diagnóstico, em média de 11 meses. Relata-se o caso de uma paciente do gênero feminino com LES apresentando fatores predisponentes para a infecção/reativação da tuberculose. A RMN foi importante para definir o acometimento ósseo, e o diagnóstico etiológico foi dado pela biópsia óssea. A paciente também apresentava acometimento pulmonar devido à tuberculose, em sua forma miliar, demonstrado pela radiografia simples de tórax e pela tomografia computadorizada e confirmado pela cultura do bacilo de Koch no escarro. Houve demora de 1,5 mês para o início da terapêutica, tempo considerado curto em relação à literatura. Conclui-se dessa maneira que a tuberculose óssea, apesar de rara, deve sempre ser lembrada como diagnóstico diferencial nos pacientes lúpicos com osteomielite, principalmente naqueles com antecedente de tuberculose pulmonar.
Systemic lupus erythematosus (SLE) is a multisystem autoimmune disease, which has great prevalence and uncommon manifestations of opportunistic infectious diseases, mainly due to the multiple abnormalities of the immune system and the immunosuppressive effect of the medications used in its treatment. Patients whit SLE have an increased incidence of tuberculosis, and osteoarticular involvement occurs in 1%-3% of the cases, manifesting as pain, reduction in mobility, and increased osteoarticular volume. The radiographic findings are often nonspecific. Magnetic resonance imaging (MRI) is an useful test to define the severity of bone involvement; however, the etiological diagnosis can only be established by use of synovial fluid or bone cultures or the histological study of the affected areas. Due to the lack of specificity of the findings, there is usually a mean diagnosis delay of 11 months. We report the case of a female patient with SLE and predisposing factors for tuberculosis infection/reactivation. The MRI was important to define bone involvement, and the etiological diagnosis was established by use of bone biopsy. The patient also had lung involvement due to miliary tuberculosis, shown on plain chest radiography and CT scan and confirmed on culture of Mycobacterium tuberculosis in the sputum. There was a 1.5-month delay in beginning therapy, which is considered a short time when compared to the reports in the literature. In conclusion, bone tuberculosis, although rare, should always be remembered as a differential diagnosis of patients with SLE and osteomyelitis, mainly those with history of pulmonary tuberculosis.