Resumo A entrevista com Lee Shulman, professor emérito da Faculdade de Educação de Stanford, aborda as ideais centrais da carreira desse pesquisador no campo da formação docente. Diante da necessidade de repensar os processos formativos de futuros professores, a entrevista oferece um mergulho nas pesquisas realizadas por Shulman que investigam a necessária centralidade da escola e da prática durante a formação, a relação entre universidade, políticas públicas e a docência, além do profissionalismo docente. O ponto inicial da conversa é definição que o autor faz de docência e os desafios do profissionalismo docente. Outra ideia central explorada é a categoria de conhecimento pedagógico do conteúdo, conceito cunhado pelo autor, em 1984, para definir os saberes específicos da docência, que a diferenciam das outras carreiras, e que até hoje influenciam as pesquisas no campo. Shulman enfatiza em diversos momentos da entrevista que para ensinar é necessário saber mais do que o conteúdo. O professor precisa compreender as diferentes maneiras de representar o conteúdo, as formas pelas quais alunos com diferentes repertórios podem interpretá-lo, bem como as diversas estratégias de ensino que podem ser utilizadas nos vários contextos. Discutem-se, ainda, a responsabilidade da universidade na preparação profissional docente, bem como fundamentos e estratégias para assegurar que essa formação esteja centrada na prática, focada na preparação para o ensino para a equidade e tenha qualidade elevada. Por fim, Shulman apresenta seus conselhos a três grupos de atores: pesquisadores e formadores de professores nas universidades, formuladores de políticas públicas e professores.
Abstract The interview with Lee Shulman, professor emeritus at the Stanford Graduate School of Education, addresses the fundamental ideals of his career in the field of teacher education. Considering the need to rethink how pre-service teacher education is organized, this interview offers a deep immersion into Shulman’s scholarship, particularly those pieces that tackle the centrality of schools and practice during pre-service training, the relationship between universities, public policies, and teaching, and also the professionalism involved in teaching. The starting point of this conversation is how this author defines teaching and which are the challenges of professionalism in this trade. Another core idea explored in the interview is the category of pedagogical content knowledge, a concept developed by Shulman in 1984 to define the knowledge grounds of teaching and how they make this profession different from other careers. Such a concept was profoundly influential in the field of teacher education. Throughout the conversation, Professor Shulman emphasizes that teaching requires more than only mastering the contents. A teacher needs to understand different ways of representing the content, a plethora of different interpretations that students can have of such content, as well as discrete teaching strategies that fit a variety of contexts. Besides, Shulman talks about the responsibilities of the universities in preparing professional teachers, as well as the foundations and strategies to make sure that teachers’ learning experience is grounded in practice, focused on developing the novices to teach for equity, ensuring high-quality education. Finally, Shulman provides advices to three groups of core actors in this context: researchers and university-based teacher educators, policymakers, and teachers.