Desde 1958, nós estudamos a doença de Chagas experimental, inoculando 1.000 formas sanguicolas de Trypanosoma cruzi, Chagas-1909, (cepa Y) por via sub-cutânea em camundongos Balb/C, que manteve uma constância na evolução da parasitemia, iniciando no quinto e sexto dia de moléstia, aumentando progressivamente, atingindo o máximo ao redor do vigésimo, diminuindo a seguir até atingir o mínimo no final do trigésimo dia e desaparecimento do sangue circulante (pelo exame direto a fresco entre lâmina e lamínula ou pela contagem na Câmara de Neubauer) depois do terceiro mês, coincidindo com o aparecimento de ninhos de amastigotas nos tecidos, principalmente do cardíaco a partir da primeira semana, acompanhando a curva parasitêmica, porém não evoluindo paralelamente até a fase crônica. Em 1997, começamos a verificar alteração no seu comportamento, pois, os parasitos surgiram no sangue circulante na primeira semana e a partir do sétimo dia desapareceram, coincidindo com a ausência de ninhos de amastigotas nos tecidos. Num estudo minucioso, verificamos que começaram a aparecer formas jovens do ciclo evolutivo do T.cruzi (epi + amastigotas) ao lado de tripomastigotas na corrente sanguínea no quinto e sétimo dia da inoculação, coincidindo com formas arredondadas, ovaladas e fusiformes circulando pelos capilares e sinusóides dos tecidos, principalmente dos órgãos hematopoiéticos. É interessante frisar, que os parasitos circulantes, devido ao seu diâmetro ser maior que o dos vasos sanguíneos, provocam estáse a montante, tornando-os mais visíveis. Examinando a medula óssea esternal, encontramos as formas jovens alongadas, outras truncadas em forma de C ocupando a superfície interna dos glóbulos , com a parte central vazia, dando a impressão de ser eritrócitos parasitados ao lado de formas circulares, ovais, alongadas e fusiformes que assumem vários aspectos, como de peixes, anfíbios (girino), répteis, aves e até de mamíferos. Estará acontecendo uma perda da virulência ou uma mutação da cepa Y do Trypanosoma cruzi?
Since 1958, we have studied experimental Chagas' disease (CD) by subcutaneous inoculation of 1,000 blood forms of Trypanosoma cruzi (Y strain) in Balb/C. mice. Evolution of parasitemia remained constant, beginning on the 5th and 6th day of the disease, increasing progressively, achieving a maximum on about the 30th day. After another month, only a few forms were present, and they disappeared from the circulation after the third month, as determined from direct examination of slides and the use of a Neubauer Counting Chamber. These events coincided with the appearance of amastigote nests in the tissues (especially the cardiac ones), starting the first week, and following the Gauss parasitemia curve, but they were not in parallel until the chronic stage. In 1997, we began to note the following changes: Parasites appeared in the circulation during the first week and disappeared starting on the 7th day, and there was a coincident absence of the amastigote nests in the tissues. A careful study verified that young forms in the evolutionary cycle of T. cruzi (epi + amastigotes) began to appear alongside the trypomastigotes in the circulation on the 5th and 7th post-inoculation day. At the same time, rounded, oval, and spindle shapes were seen circulating through the capillaries and sinusoids of the tissues, principally of the hematopoietic organs. Stasis occurs because the diameter of the circulating parasites is greater than the vessels, and this makes them more visible. Examination of the sternal bone marrow revealed young cells with elongated forms and others truncated in the shape of a "C" occupying the internal surface of the blood cells that had empty central portions (erythrocytes?). We hypothesize that there could be a loss of virulence or mutation of the Y strain of Trypanosoma cruzi.