RESUMO: Fibras têm sido estudadas como opção para reduzir a resposta glicêmica pós-prandial de cães, mas os resultados obtidos têm sido inconsistentes. A ingestão de amido, no entanto, não tem sido adequadamente considerada na interpretação dos resultados de algumas dessas pesquisas. O presente estudo investigou, em cães adultos não obesos, os efeitos da ingestão de amido e fibra sobre a resposta pós-prandial. Celulose (CEL), carboximetilcelulose (CMC), fibra de ervilha (PE) e fibra de cana-de-açúcar (SCF) foram combinadas, gerando seis dietas com 33% a 42% de amido: dietas SCF+CEL e PE+CEL com alta fibra insolúvel (IF=22%) e baixa fibra solúvel (SF=2,5%); dietas SCF+CMC e PE+CMC com alta fibra solúvel (SF=4,5%; IF=19%); dietas CMC e CEL como controles baixa fibra (14%). As dietas foram fornecidas aos cães em duas quantidades, resultando na ingestão de 9,5g ou 12,5g de amido (kg0,75)-1 dia-1, gerando um total de 12 tratamentos. Cada tratamento foi fornecido a seis cães, condicionados a ingerir todo o alimento do dia num período de 10min. A glicose plasmática foi medida em jejum e durante 480min após a refeição. Os resultados foram analisados por análise de variância de medidas repetidas, considerando-se os feitos da ingestão de amido e fibra, e suas interações, sendo as médias comparadas pelo teste de Tukey (P<0,05). A ingestão de fibra não alterou a resposta pós-prandial de glicose (P>0,05). O consumo da dose elevada de amido, no entanto, resultou em maiores glicemias aos 180 e 240min, maior glicemia máxima e maior área abaixo da curva de glicose (P<0,05). Verificou-se que a quantidade ingerida de amido é mais importante que o consumo de fibra para a resposta glicêmica pós-prandial de cães não obesos.
ABSTRACT: Fibre has been studied to reduce the postprandial glucose response of dogs, but the results are inconsistent. Starch intake, however, was not properly considered in the published studies. The effects of starch and fibre intake on the postprandial glucose response were studied in non-obese adult dogs. Cellulose (CEL), carboxymethylcellulose (CMC), pea fibre (PE) and sugarcane fibre (SCF) were combined to form six diets with starch contents ranging from 33% to 42%: SCF+CEL and PE+CEL diets, both with high insoluble fibre (IF=22%) and low soluble fibre (SF=2.5%) content; SCF+CMC and PE+CMC diets with high SF (SF=4.5%; IF=19%) content; and CMC and CEL diets with low dietary fibre (14%) content. The diets were fed in two amounts, providing an intake of 9.5g or 12.5g of starch (kg0.75)-1 day-1, totaling 12 treatments. Each diet was fed to six dogs conditioned to consume all of the daily food in 10min. Their plasma glucose levels were measured before and during 480min after food intake. Results of fibre and starch intake and their interactions were compared by repeated measures ANOVA and the Tukey test (P<0.05). Fibre intake did not change the glucose postprandial responses (P>0.05). High-dose starch intake, however, induced a higher glycaemia at 180 and 240min after the meal and a greater maximal glycaemia and greater area under the glucose curve (P<0.05). A range in insoluble and soluble fibre intake does not change postprandial glucose response, and the amount of starch intake is a main factor for the postprandial glucose response of healthy non-obese dogs.