Resumo O objetivo deste texto é analisar as diversas percepções sobre os métodos aplicados para conduzir os não cristãos ao batismo e sobre os significados da conversão em Goa, a partir da controvérsia entre o primeiro arcebispo, Gaspar de Leão (1560-1567), e a Companhia de Jesus. Explorando as missivas trocadas entre os padres situados em Goa e as altas esferas da ordem, bem como a comunicação entre a coroa, os vice-reis e o arcebispo, correspondência que circulou entre Goa, Lisboa, Trento e Roma, o conflito foi pensado na chave dos anseios imperiais portugueses, para os quais a empresa de cristianização era essencial, e como engrenagem para a consolidação da autoridade episcopal por Gaspar de Leão. Embora tenha sido obrigado, por fim, a ceder na disputa jurisdicional com os jesuítas, o arcebispo não deixou de sustentar sua percepção sobre a conversão dos não cristãos, o que evidencia a multiplicidade de pareceres sobre a questão dentro do corpo eclesiástico durante os anos de sua prelatura.
Abstract aim of this paper is to analyze the various perceptions about the methods applied to lead non-Christians to baptism, and about the meanings of conversion in Goa, starting from the controversy between the first archbishop, Gaspar de Leão (1560-1567), and the Society of Jesus. Exploring the missives exchanged between the priests in Goa and the upper spheres of the order, as well as the communication between the crown, the viceroys, and the archbishop - correspondence that circulated between Goa, Lisbon, Trent and Rome -, the conflict is envisioned in the context of Portuguese imperial aspirations, for which the Christianization enterprise was essential, and as a gear for the consolidation of episcopal authority by Gaspar de Leão. Although he was finally forced to capitulate on the jurisdictional dispute with the Jesuits, the archbishop did not fail to sustain his perception on the conversion of non-Christians, which shows the multiplicity of opinions on the issue within the ecclesiastical body during the years of his prelacy.