Resumo Até a década de 1980, as interpretações da questão agrária brasileira apontavam que os conflitos e as contradições no campo se expressavam na relação entre dois polos opostos: o camponês e o latifundiário, refletindo duas perspectivas diferentes de uso da terra - para trabalho (meio de produção e vida) e para negócio (associado à expansão e à especulação do mercado capitalista). Contudo, a partir de então, novas vozes irrompem na cena pública, politizando aspectos como a identidade e o território e reconfigurando o campo de disputas, processo que compreendemos como de complexificação da questão agrária. Este artigo trata desse processo, que é múltiplo do ponto de vista dos sujeitos e dos territórios e que impõe a necessidade de novas formas de abordagem dos problemas dos usos territoriais e dos conflitos no campo no Brasil.
Abstract Until the 1980s, Brazilian agrarian interpretations pointed out that conflicts and contradiction in the field are explained through the relationship between two opposing poles: peasants and large landowners, who reflected two different perspectives of land use - for work (means of production and life) and for business (associated with expansion and speculation in the capitalist market). However, from that decade, new voices have emerged on the public scene, politicizing aspects such as identity and territory and reconfiguring the field of disputes, which we understand as a complexification of the agrarian question. This article deals with this process in Brazil, which is diverse from the point of view of the subjects and territories and which requires the need to incorporate new approaches in terms of the problems of territorial uses and conflicts in the field.
Résumé Jusqu’aux années 1980, les interprétations de la question agraire brésilienne soulignaient que les contradictions et les conflits ruraux s’expliquaient par le biais de la relation entre deux pôles opposés: celui du paysan et celui du grand propriétaire terrien, reflétant deux perspectives différentes d’utilisation de la terre - pour le travail (moyens de production et vie) et pour les affaires (associées à l’expansion et à la spéculation du marché capitaliste). Cependant, dès lors, de nouvelles voix ont émergé sur la scène publique, politisant des aspects tels que l’identité et le territoire et reconfigurant le champ des conflits, un processus que nous comprenons comme une complexification de la question agraire. Cet article traite de ce processus, qui est multiple du point de vue des sujets et des territoires et qui impose la nécessité d’intégrer de nouvelles formes d’approche en ce qui concerne les problématiques des conflits ruraux brésiliens et de l’utilisation du territoire.