Resumo: Introdução: A qualidade de vida dos estudantes de Medicina há muito tempo tem sido objeto de atenção e pesquisas. Os fatores considerados estressores inerentes aos processos formativos na educação médica são potenciais desencadeadores de transtornos mentais com impacto na qualidade de vida. Conhecer a qualidade de vida, a saúde mental geral dos estudantes de Medicina e os fatores associados é fundamental para subsidiar ações que visem a melhorias e aperfeiçoamentos do aprendizado desses discentes. O objetivo deste estudo foi avaliar a qualidade de vida dos estudantes de Medicina do Centro Universitário de Caratinga (UNEC), localizado em Minas Gerais, a prevalência de transtornos mentais menores (TMM) e os fatores associados. Método: Trata-se de um estudo descritivo, transversal e quantitativo que foi conduzido por meio de um questionário autorrespondido contendo questões sobre dados sociodemográficos, qualidade de vida (WHOQOL-abreviado) e saúde mental geral (QSG-60 de Goldberg). Participaram do estudo 94 estudantes do curso de Medicina do UNEC, divididos em três grupos: (G1) 32 alunos do primeiro ano, (G2) 30 do terceiro ano e (G3) 32 do quinto ano. Todos preencheram o TCLE. Realizaram-se análises estatísticas descritivas de frequência, análise inferencial e análise de conglomerado. Resultados: Os estudantes percebem sua qualidade de vida como boa. O domínio de relações sociais obteve o maior escore, e o psicológico alcançou o menor escore. Não houve diferença significativa na qualidade de vida e saúde mental geral, nos diferentes períodos do curso. Observou-se correlação significativa entre a saúde mental geral com os domínios de qualidade de vida, mostrando que um pior estado da saúde mental geral vem acompanhado de uma pior qualidade de vida. A prevalência de TMM detectados na amostra analisada foi de 41,5% entre os estudantes de Medicina do UNEC, com escores mais acentuados no domínio estresse psíquico e os menores no domínio desejo de morte. Identificou-se a presença de três grupos com perfis distintos de qualidade de vida: pior percepção da qualidade de vida (25,5% dos estudantes), intermediária (30,9%) e melhor (43,6%). Conclusões: Os estudantes de Medicina pesquisados têm uma boa percepção de sua qualidade de vida. A saúde mental dos estudantes tem influência na qualidade de vida. Os resultados apontam para a necessidade de estudos qualitativos para aprofundar as informações sobre a qualidade de vida dos estudantes do UNEC.
Abstract: Introduction: The quality of life of medical students has long been the object of interest and research, since, due to the stress inherent to the course, this population is vulnerable to mental disorders affecting their quality of life. Knowing about the medical students’ quality of life and general mental health, as well as the related factors, is critical to support actions improving the medical students’ learning process. To evaluate the medical students’ Quality of Life (and related factors) at the University Center of Caratinga (UNEC). Method: This descriptive, cross-sectional and quantitative study was conducted through a self-administered questionnaire containing questions on sociodemographic data, quality of life (WHOQOL) and general mental health (Goldberg’s QSG). A total of 94 medical students at UNEC - Caratinga, Minas Gerais, Brazil were divided into three groups, namely, G1 (1styear), with 32 students, G2 (3rdyear), with 30 students, and G3 (5thyear), with 32 students, who were analyzed through descriptive analysis, with the use of tools such as Chi-square test, Pearson’s correlation, Student’s t-test and/or Analysis of Variance (ANOVA). Cluster analysis was performed at the statistical significance of a 5% probability. Results: Students perceive their quality of life as good. The domain of social relations obtained the highest score, and the psychological domain reached the lowest score. There was no significant difference in quality of life and general mental health, in the different periods of the course. A significant correlation was observed between general mental health (QSG) and quality of life factors, wherein a worse state of general mental health is associated with a lower quality of life. The incidence of minor mental disorders detected in the sample under analysis was of 41.5% among the students, of which the highest-scoring disorder was psychic stress (64.1%), and the lowest one death wish (39.8%). Conclusion: The analyzed medical students have a good perception of their quality of life. The course level (years at medical school) had no significant influence. The minor mental disorders in the population under study influences the quality of life. The results indicate the need for qualitative studies to acquire more information about the QOL of UNEC students.